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Millena Marques
Da Redação
Publicado em 24 de novembro de 2023 às 17:19
O professor de Filosofia Luiz Enrique Vieira de Souza, demitido pela Universidade Federal da Bahia (Ufba) após ser alvo de um processo administrativo que investigou denúncias de assédio sexual e moral contra o docente, alega ser portador de Transtorno Afetivo Bipolar. Ao CORREIO, o acusado afirmou que esteve em surto no momento dos fatos relatados no processo e vai recorrer na Justiça. >
De acordo com o professor, documentos médicos que comprovam tal condição foram apresentados à universidade, incluindo um laudo expedido pela junta médica da Ufba. Ele afirmou que a comissão do processo administrativo disciplinar (Pad) o julgou inimputável – pessoa que não tem consciência da ilicitude de sua conduta, por causa de uma doença mental ou mal desenvolvimento mental. A Procuradoria Federal da República junto à UFBA referendou essa decisão. >
"No entanto, a diretoria da Faculdade e a Reitoria, claramente motivadas politicamente e temerosas em desagradar movimentos ligados à Universidade, decidiram ignorar a recomendação técnica da comissão do PAD e os documentos médicos. Estou há dois anos sendo brutalmente linchado e ameaçado, tive minha vida destruída, mas conheço meus direitos e vou atrás deles na justiça", disse em nota, via email. >
Na última segunda-feira (20), a decisão de demissão foi expedida pelo gabinete da reitoria como parte do processo administrativo disciplinar (Pad) que investigou a ocorrência. O professor é acusado de ter cometido assédio sexual e moral contra duas alunas e uma professora de outro departamento – denúncias datadas de 2020. As estudantes e a docente envolvidas foram procuradas pela reportagem, mas não haviam respostas até o fechamento desta matéria. >
No texto da denúncia, a docente afirma que o professor fez comentários com teor sexual direcionados a ela e sua filha, menor de idade. "Destaco ainda o constrangimento ilegal causado pelo senhor Luiz [Enrique Vieira de Souza] me ocasionou grave desconforto e prejuízo emocional, com sintomas de ansiedade e insônia, prejudicando minha participação nas reuniões de colegiado e o desenvolvimento do meu trabalho profissional de maneira geral”, afirma na decisão.>
Além da importunação por meio de mensagens, uma das vítimas relatou ter recebido uma oferta de R$ 5 mil para que os dois “ficassem juntos”.>
Procurada, a Ufba informou que não se pronunciará sobre a decisão. A reportagem também tentou contato com a coordenadora do curso de Ciências Sociais da universidade, Sue Iamamoto, mas não obteve sucesso. >
*Com orientação da subchefe de reportagem Monique Lôbo>