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Gilberto Barbosa
Publicado em 28 de agosto de 2025 às 06:00
Na Escola Municipal Professor Francisco Magalhães Neto, em Pojuca, na Região Metropolitana de Salvador, um grupo de alunas do Ensino Fundamental se questionou sobre o lugar que ocupam no ramo da robótica. Após pesquisarem, elas passaram a conhecer sobre mulheres que foram pioneiras desse setor. A ideia delas culminou em um novo projeto: o RobôDelas, que visa promover a inclusão de meninas na área. >
A iniciativa foi desenvolvida pelo professor Manassés Neto. A ideia surgiu em 2022, quando um grupo de quatro alunas do 8º ano indagaram o docente sobre a presença das mulheres na área da tecnologia. Vendo a curiosidade das pequenas, ele sugeriu que elas pesquisassem a participação feminina no ramo. >
Da pesquisa, surgiu a ideia de as meninas criarem robôs e mostrarem para a comunidade pojucana o que aprenderam nas aulas. Para isso, eles realizaram a coleta de lixo eletrônico e separaram os materiais que seriam usados na montagem das peças. O material descartado é doado para projetos de coleta seletiva. >
“A coleta de lixo eletrônico também era uma problemática que trabalhávamos nas aulas. Os robôs foram uma ferramenta para divulgar a força das mulheres na tecnologia e um meio para falarmos sobre esse tema”, afirmou Manassés. >
Um dos robôs recebeu o nome de Ada, em homenagem a matemática britânica Ada Lovelace, que criou o primeiro algoritmo de computadores. O robô foi apresentado para a comunidade escolar e em eventos da rede municipal pojucana. Ele também foi exposto na Universidade Federal da Bahia (Ufba), onde as meninas participaram do Encontro de Jovens Cientistas. >
Atualmente, 10 meninas do 7º ao 9º ano fazem parte do RobôDelas. As atividades ocorrem em turno separado das aulas durante a semana. Uma das alunas é Milena Santos, 12 anos, que pensa em trabalhar com a robótica no futuro. “Eu gosto muito de tecnologia e isso fez com que eu me interessasse pela aula. Acho importante que as meninas estarem nessa área, porque pode ajudá-las muito no futuro”, falou. >
Uma das primeiras estudantes a integrar a iniciativa foi a jovem Maili Vitória Brito, 18. Ela diz que pensa em seguir no ramo e que já tem ideia de qual projeto pretende desenvolver no futuro. >
“Essa foi a melhor experiência que eu já tive e quero levar para a vida. Tenho vontade de criar uma empresa de tecnologia e um robô para limpar a casa, além de outras peças que as pessoas possam ter mais praticidade em suas residências”, conta. >
Manassés revela que a iniciativa ainda segue a ideia original, com pesquisas sobre a história do ramo, além do desenvolvimento de projetos autônomos. Alguns materiais são doados pela prefeitura, enquanto a estrutura dos robôs é formada com materiais coletados no entorno. As meninas apresentam seus resultados em outras escolas pojucanas, além de cidades vizinhas.>
A proposta do RobôDelas chamou atenção de programas de fomento. Um deles foi o Itaú Social, que mapeou programas que tivessem como base a prática pedagógica conhecida como STEAM, que reúne conceitos de ciência, tecnologia, engenharia, artes e matemática. A ação tem o objetivo de divulgar e dar visibilidade para essas iniciativas.>
"Esse mapeamento destaca como professores e pesquisadores da Bahia estão transformando o ensino ao adotar ess abordagem. Eles têm mostrado uma capacidade inspiradora de criar projetos que integram conteúdos de forma dinâmica, fortalecendo a confiança dos alunos e incentivando-os a enxergar seu potencial para impactar a realidade”, afirmou a gerente de Desenvolvimento e Soluções do Itaú Social, Sonia Dias.>
Formado na rede municipal de Pojuca, Manassés se mudou para Salvador durante a faculdade de engenharia de controle e automação. Após retornar para casa, ele conta como se sente em poder devolver para a sua comunidade tudo aquilo que aprendeu enquanto esteve fora. >
“É gratificante voltar para a minha cidade e trazer todo esse universo que eu descobri para os meus alunos, além de mostrar para eles que é possível eles trilharem esse caminho. Ver o estímulo, a vontade delas em participar das aulas e de todas as etapas da montagem das peças, além de saber que algumas querem seguir nessa área é algo muito positivo”, completou.>
*Com orientação do editor Miro Palma>