Saiba como começou a devoção ao Senhor do Bonfim na Bahia

História remete ao século XVIII

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  • Raquel Brito

Publicado em 19 de abril de 2024 às 07:30

Igreja do Bonfim
Igreja do Bonfim Crédito: Crédito: Mauro Akin Nassor

"Redentor que há cem anos nossos pais conduziste à vitória, pelos mares e campos baianos". A letra do Hino ao Senhor do Bonfim, considerado uma ode ao Santo dos Santos, traduz a devoção sentida por muitos baianos, sobretudo os soteropolitanos. Mas, você sabe a história desta devoção no estado?

O historiador Rafael Dantas explica que a história de devoção ao Senhor do Bonfim, que é uma representação de Jesus Cristo venerado na visão de sua morte, começou em meados do século XVIII, quando a Bahia estava inserida em um contexto de fé e religiosidade, com muitas procissões em terra e marítimas.

“A partir daquele momento, ao longo da segunda metade do século XVIII e no decorrer do XIX até a atualidade, a tradição se torna presente entre nossos baianos”, afirma o historiador Rafael Dantas.

A imagem do Senhor do Bonfim, à semelhança da que havia na cidade de Setúbal, em Portugal, chegou em Salvador em 18 de abril 1745, trazida pelo capitão de mar e guerra e traficante de africanos escravizados Teodósio Rodrigues de Faria. Grande devoto do Senhor do Bonfim, ele trouxe a imagem como um pagamento de promessa: uma vez, enquanto viajava para Lisboa, enfrentou uma forte tempestade e orou por sua sobrevivência, a qual viu como um milagre.

Por conta disso, o navegador, considerado o "primeiro benfeitor" da igreja, recebeu homenagens em mais de uma forma na paróquia. Foi enterrado dentro da igreja e nomeia a praça em frente à ela, além de uma rua próxima. Rodrigues ajudou também na decoração do local. No teto da Basílica, o mural representa a tempestade enfrentada por ele.

Esta quinta-feira (18) marcou tanto o aniversário da chegada da imagem à capital baiana como o da Irmandade. Segundo o padre Edson Menezes, pároco da Basílica, a devoção ao Senhor do Bonfim está ligada fortemente à chegada da imagem a Salvador. “A devoção ao Senhor do Bonfim é uma iniciativa do povo, que começou desde que a imagem chegou e permaneceu na igreja de Nossa Senhora da Penha durante nove anos. O povo começou a fazer romaria para lá e essa devoção só foi crescendo com o passar do tempo. Caiu nas graças do povo e, por isso, se tornou um patrimônio valioso da nossa fé”, diz.

*Com orientação da chefe de reportagem Perla Ribeiro