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Monique Lobo
Publicado em 21 de abril de 2025 às 05:40
Apesar de muito menos difundido que o congelamento de óvulos, o congelamento de sêmen também é possível e pode ser realizado na Bahia. Inclusive, é o método mais eficiente para preservar a fertilidade masculina. O estado tem quatro Centros de Reprodução Humana Assistida (CRHA), de acordo com dados do Relatório do Sistema Nacional de Produção de Embriões da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), e todos ficam em Salvador. São eles: o Hospital Mater Dei, o Centro de Reprodução Humana, Endoscopia e Medicina Fetal da Bahia, o Bela Zausner Clínica de Reprodução Humana e o Ivi Salvador Medicina Reprodutiva. >
Bem mais simples que o método feminino, o congelamento do sêmen custa, em média, no estado, o valor de R$ 1,8 mil, além de taxas de manutenção do congelamento no local escolhido, revelou a coordenadora do Centro de Fertilização Hospital Mater Dei Salvador, Dra. Wendy Delmondes. Para se ter uma noção, o preço é cerca de oito vezes mais barato que o congelamento de óvulos, que pode chegar a R$ 16 mil.>
Isso porque, enquanto as mulheres precisam passar por um processo de estimulação ovariana antes da coleta dos óvulos, “feita com uso de hormônios, com monitoramento por ultrassonografia para acompanhamento da evolução dos folículos ovarianos”, explicou a médica, para só depois ser feita a punção ovariana por via vaginal. Para os homens o processo é bem mais simples: geralmente feito através de masturbação, punção testicular ou biópsia de testículo. >
Maior procura>
As mudanças sociais que transformaram o papel do homem e da mulher, além das suas necessidades profissionais, fizeram aumentar a escolha pelo adiamento das gestações. Se quando os processos de congelamento de sêmen e de óvulos foram criados, o foco era as pessoas que tinham problemas de fertilidade, nas últimas décadas os procedimentos passaram a atender aqueles que não querem ter filhos no momento, mas não querem abrir mão da possibilidade no futuro. >
De 2020 a 2024, houve um aumento de 46,7% no número de embriões congelados no país, apontam dados do relatório da Anvisa. O número pulou de 86.833 em 2020, para 127.455, no ano passado. Na Bahia não foi diferente. A quantidade de embriões congelados no estado saltou de 2.067 em 2020, para 2.593, em 2024. O que representou um crescimento de 25,4% no período. >
O estado é o segundo do Nordeste em número de embriões congelados, atrás apenas de Pernambuco. A região, por sua vez, responde pela terceira maior fatia dos casos (11%), atrás das regiões Sudeste e Sul.>
Os embriões são o resultado da fertilização do óvulo com o espermatozóide congelados. >
Quando congelar o sêmen?>
Não há limite de idades para quem busca congelar o semên, mas há limites de ordem médica, afirmou a coordenadora do Centro de Fertilização Hospital Mater Dei Salvador. “O ideal é que seja feito antes do tratamento oncológico ou qualquer outra situação que possa comprometer a fertilidade, como cirurgias do aparelho reprodutor”. >
O tempo de congelamento, acrescentou Dra. Wendy, também não interfere na taxa de sucesso da fertilização. “O sucesso está impactado principalmente pela idade do paciente no momento da coleta”, disse.>
Depois de congelado, quando for escolhido o momento de iniciar uma gestação, o material é descongelado para a coleta de espermatozóides que serão utilizados para a fertilização de óvulos, através da Fertilização in Vitro (FIV). “Dos embriões resultantes, faremos a transferência para o útero com número máximo recomendado pelo CFM [Conselho Federal de Medicina]”, continuou a médica. >
O Conselho Federal de Medicina estipula que, mulheres de até 35 anos podem ser transferidos até dois embriões; para aquelas com idades entre 36 e 39 anos podem ser até três embriões; já mulheres acima dos 40 anos podem receber até quatro embriões.>