'Sempre falava que mataria ela': amiga de vítima de feminicídio em Itapuã relata ameaças antes do crime

Homem preso em flagrante pelo feminicídio teve a prisão mantida em audiência de custódia

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  • Wendel de Novais

Publicado em 20 de fevereiro de 2024 às 14:43

Família de Tatiana durante o seu sepultamento nesta terça-feira (20) Crédito: Arisson Marinho/CORREIO

O homem que foi preso em flagrante pelo feminicídio de Tatiana Alves Nascimento, 49 anos, no último domingo (18) já tinha ameaçado a vítima antes de cometer o crime. De acordo com pessoas próximas a Tatiana, os dois se relacionaram até o fim do ano passado e o responsável pelo crime não costumava falar muito. No entanto, Josefa Maria dos Santos, amiga da vítima, garante que, em momentos de discussão, ele já teria ameaçado Tatiana de morte.

"Ele era uma pessoa calada, muito quieta. Porém, eu achava que era o jeito dele e não me sentia insegura. Só que depois, durante umas brigas dos dois, ele sempre falava que mataria ela. Ninguém acreditava e, no outro dia, ele agia como se nada tivesse acontecido. Até por isso, por essa postura, Tatiana quis se separar", relata a comerciante, emocionada durante o enterro de Tatiana no Cemitério Municipal de Brotas.

Outros familiares afirmam que houve conversa com Tatiana para dar fim ao relacionamento. Apesar de atender os pedidos, a vítima não conseguiu se distanciar porque o feminicída morava próximo a ela. Tatiana acabou morta dentro da própria casa, na Rua Rafael Jambeiro, no domingo. O homem tentou se matar após esfaqueá-la, mas foi atendido e resistiu aos ferimentos. Nesta terça-feira, após ser atendido em uma unidade de saúde, o homem teve a prisão preventiva mantida em audiência de custódia.

Ivonete de Jesus, que é amiga e vizinha da vítima, afirma nunca ter presenciado uma agressão ou mesmo ameaça por parte do responsável pelo crime. No entanto, ela afirma que já viu o homem xingando Tatiana. E também relata que a amiga decidiu colocar um fim na relação por conta desse comportamento.

"Achava ele estranho por estar sempre quieto e calado. Ao contrário dele, Tatiana sempre foi alegre e extrovertida. Quando bebia, ele ficava mais falante e também era mais bravo. Tanto que já vi xingando ela de alguns nomes. Ela nunca aceitou isso e decidiu terminar. Porém, ele fez essa maldade com uma pessoa tão boa", fala Ivonete, sem conseguir conter as lágrimas.

Após a prisão do homem ser mantida, ele vai aguardar o fechamento do inquérito do crime por parte da Polícia Civil. Procurada para apresentar dados de feminicídio, a Polícia Civil informou que, em 2023, de 1º de janeiro a 14 de dezembro, 96 casos foram registrados. Em 2024, no entanto, 10 mulheres foram vítimas de feminicídio no estado até o dia 15 de fevereiro.