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Um centenário antenado: com 131 anos, Santa Izabel se destaca pelo uso de tecnologias avançadas

Administrada pela Santa Casa da Bahia, instituição foi fundada em 1893

  • Foto do(a) author(a) Millena Marques
  • Millena Marques

Publicado em 30 de julho de 2024 às 05:30

Hospital Santa Izabel
Hospital Santa Izabel Crédito: Ana Lúcia Albuquerque/CORREIO

No início do século XX, a capital baiana começava a experimentar mudanças significativas na estrutura da capital. Surgia a Avenida Sete, em 1915 e, vinte e dois anos antes, era fundado, no bairro de Nazaré, o Hospital Santa Izabel (HSI), administrado pela Santa Casa da Bahia. Nesta terça-feira (30), a unidade médica, eleita no ano passado uma das 50 melhores instituições brasileiras pelo Word’s Best Hospital, da revista norte-americana Newsweek, completa 131 anos de história.

Para marcar a data, haverá uma cerimônia inter-religiosa na capela do próprio hospital às 8h30. Na ocasião, estarão reunidos o provedor da Santa Casa da Bahia, colaboradores da instituição, integrantes do corpo clínico, gestores e pacientes do hospital.

Conhecido por ser um dos hospitais mais tradicionais da capital, o Santa Izabel acompanhou os avanços tecnológicos desenvolvidos ao longo do centenário. O investimento em tecnologia, inclusive, a coloca como instituição pioneira em muitos aspectos.

Em 2019, consagrou-se como o primeiro hospital a realizar cirurgias robóticas, procedimentos menos invasivos, realizados com o auxílio de robôs.Desde então, mais de 2,5 mil pacientes foram beneficiados com a técnica. As tecnologias avançadas também estão inseridas na rotina dos profissionais do hospital por meio de um sistema de gestão hospital.

“Eu acompanho os indicadores de segurança, de qualidade assistencial, de adesão aos protocolos. A gente tem alertas no nosso prontuário eletrônico. Quando o sistema detecta alterações, por exemplo, dos sinais vitais, gera alertas para as equipes assistenciais médica para uma atuação mais rápida”, explica o infectologista Ricardo Madureira, o diretor médico do HSI há 14 anos.

Inovações

Em junho deste ano, um novo Centro Cirúrgico foi inaugurado na unidade. Dessa forma, o HSI se tornou o primeiro do Norte e Nordeste a atuar com dois equipamentos do tipo. Além disso, a adição, praticamente, dobrou a capacidade do hospital para cirurgias. No novo equipamento, são realizados procedimentos de diversas especialidades, incluindo cirurgias cardíacas e oncológicas.

O pioneirismo evidente não é de hoje. Foi no HSI que o professor e médico Manuel Augusto Pirajá da Silva, especialista em doenças tropicais, identificou e fez a descrição completa do Schistosoma mansoni, parasita que causa a esquistossomose intestinal, conhecida como barriga d’água.

O feito aconteceu em 1908, 15 anos depois da fundação do hospital. Já no dia 2 de outubro de 1915, a primeira transfusão de sangue da Bahia também ocorreu na instituição. Na lista de aprendizes ilustres, está Juliano Moreira, médico considerado o pai da psiquiatria brasileira. Segundo o provedor da Santa Casa da Bahia, José Antônio Rodrigues Alves, as atividades de ensino contribuem para o a manutenção do alto padrão de segurança assistencial do hospital.

“Compartilhar conhecimento nos traz imenso sentido de realização. Somos uma casa com longa tradição de contribuir na formação especializada de gerações de profissionais médicos”, diz.

Público

Fundado em 1893, o HSI conta com 415 leitos, 114 leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI), 16 salas de cirurgia e hemodinâmica (espaços utilizados para a realização de procedimentos minimamente invasivos), mais 45 especialidades médicas atendidas e mais de 3 mil profissionais empregados.

Também realiza mais de 17 mil procedimentos por ano e 14 mil atendimentos ambulatoriais por mês.

De acordo com Ricardo Madureira, o hospital também se destaca por ser um ambiente de ensino. “Desde a sua fundação, o hospital nunca perdeu a sua vocação em fazer assistência e cuidar das pessoas, mas também ensinar a formar gerações de profissionais da saúde, em especial médicos”, afirma.

O HSI é um hospital que faz parte do Sistema Único de Saúde. Por ser contratualizado, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) é responsável por coordenar e contratar os serviços da unidade.

"Não há como uma pessoa ligar e querer marcar um exame pelo SUS. Ela tem que fazer o agendamento através da prefeitura de Salvador, pela Secretaria Municipal de Saúde”, diz Ricardo. Em média, o HSI realiza mais de mil cirurgias que ocorrem através do SUS. No entanto, 85% desses procedimentos são eletivos, ou seja, não possuem urgência e são marcados após a passagem do paciente pelo ambulatorial. Pacientes que passam por Unidade de Pronto Atendimento (UPA) são submetidos a cirurgias no HSI apenas por regulação

Legado

A história do Santa Izabel remonta a meados do século XVI, com a construção do primitivo Hospital da Caridade, fundado pelo então governador-geral Thomé de Souza, em 1549, e administrado pela Santa Casa. Inicialmente, denominado de Hospital N. S. das Candeias, era chamado pela população de Hospital da Cidade.

Mais tarde, já com a denominação de Hospital São Cristóvão, recebeu para as aulas práticas, os primeiros 17 alunos da Academia Médico-Cirúrgica da Bahia, a primeira escola de medicina do Brasil, instalada no prédio da Santa Casa. O hospital funcionou ali por 284 anos, até sua desativação que deu lugar ao Hospital Santa Izabel.

“No início do século XIX, a Santa Casa resolveu desativar o Hospital de Caridade e fundar o Hospital Santa Izabel por questões de salubridade; as instalações desse primeiro hospital da cidade já não eram adequadas e nem suficientes em termos de espaço e local para o atendimento apropriado da população baiana, pelo seu progressivo aumento desde o século XVI”, explica a historiadora e coordenadora do Centro de Memória da Santa Casa, Rosana Souza.

*Com orientação da chefe de reportagem Perla Ribeiro