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Maysa Polcri
Publicado em 28 de novembro de 2024 às 16:14
Chovia forte, e a Avenida Lauro de Freitas, em Dias D'Ávila, estava alagada quando Amanda Teles, de 12 anos, foi vista pela última vez. Era 12h20 de quarta-feira (27), quando a menina caiu em um córrego desprotegido e foi arrastada pela correnteza. Valter Sousa Neves, dono de uma oficina mecânica que fica em frente ao local, foi uma das últimas pessoas a ver a menina antes do desaparecimento. Ele correu para salvar Amanda, mas não conseguiu evitar que a jovem fosse levada pela água. >
Durante toda esta quinta-feira (28), Valter acompanhou o trabalho de militares e policiais em frente à sua oficina. Cerca de 80 militares trabalham na operação de busca no córrego e mananciais. Com os olhos marejados, o mecânico contou como foi o acidente que Amanda sofreu. >
A menina passou próximo ao córrego desprotegido, tropeçou e foi levada pela correnteza. Câmeras de segurança registraram o momento da queda (veja aqui). Apesar de inicialmente ter sido divulgado que Amanda teria caído em um bueiro, trata-se de uma estrutura mais ampla, que estava alagada por conta da chuva. >
"O córrego estava muito cheio, transbordando, e ela passou muito perto. Quando tropeçou, caiu direto e foi puxada. Eu tentei salvar, mas não consegui", conta. Valter Sousa correu em direção ao local da queda, mas não viu mais vestígios de Amanda. "Eu estava trabalho e vi tudo acontecer. Foi tudo muito rápido, não deu tempo nem para ela gritar. É uma tragédia muito grande, uma menina nova", lamenta. >
Amanda Teles voltava da Escolinha Tia Ana, sozinha, quando sofreu o acidente. Bombeiros militares se dividem em diferentes pontos da cidade para tentar encontrá-la. Na manhã desta quinta-feira (28), foram encontrados um dos sapatos e a mochila que a menina utilizava. Os pertences foram vistos em um córrego localizado a cerca de 400 metros do lugar da queda. >
Familiares de Amanda e curiosos acompanham o trabalho de militares. O clima é de comoção e tensão, especialmente entre os parentes mais próximos. Os pais da vítima não quiseram ser entrevistados. Leiliane Teles, a mãe, disse apenas que não vê a hora de encontrar a filha. "Prefiro sofrer em silêncio", emendou, emocionada.>
O professor de capoeira de Amanda, Alexandre dos Anjos Pinto, também presencia o trabalho de busca. Ele lamentou o desaparecimento. "Ela é uma menina sorridente, muito doce e querida por todos do bairro. Sinto muito que isso tenha acontecido com ela", falou. No final desta manhã, um alarme falso de que o corpo da menina teria sido encontrado foi espalhado entre os moradores. >
De acordo com o major André Matos, estão sendo percorridas as galerias subterrâneas por onde Amanda pode ter percorrido. O trajeto inclui diferentes córregos até o Rio do Toco. Ainda há possibilidade de Amanda ter ficado presa em alguma das galerias, por isso, as proximidades do local da queda também são periciadas. >
"Percorremos todas as possíveis rotas que ela possa ter feito. Dentro das possibilidades, chegamos no manancial. Estamos fazendo o caminho reverso para tentar encontrá-la", detalhou. "Como a força da água foi muito forte, suspeitamos que ela não esteja tão próxima do ponto em que desapareceu", completou. >
Os militares realizam buscas terrestres, aéreas e nas águas. São utilizados drones, helicóptero e sondas e câmeras especiais para inspeção do sistema de drenagem subterrânea. Em nota, a prefeitura de Dias D'Ávila lamentou o ocorrido e disse que emprega "todos os recursos municipais disponíveis, com o objetivo de garantir a localização da jovem o mais rápido possível". >
Amanda é uma das duas desaparecidas após as chuvas na Região Metropolitana de Salvador. Na capital, as buscas seguem, nesta quinta-feira (28), para resgatar Paulo Andrade, de 18 anos. Ele é uma das vítimas do deslizamento de casas em Saramandaia. A mãe do jovem, Diana, e seu irmão caçula foram regatados com vida na quarta-feira (27). >