Cadastre-se e receba grátis as principais notícias do Correio.
Carol Neves
Publicado em 11 de agosto de 2025 às 08:33
Cinco jornalistas da Al Jazeera foram mortos em um ataque de Israel no domingo (10), perto do Hospital Al-Shifa, em Gaza. Segundo a emissora, entre os mortos está o famoso repórter Anas al-Sharif. Ao todo, sete pessoas morreram no ataque. >
Al-Sharif estava em uma tenda para imprensa com outro correspondente, Mohammed Qreiqeh,e os cinegrafistas Ibrahim Zaher, Mohammed Noufal e Moamen Aliwa. O local ficava ao lado do portão principal do hospital.>
Em comunicado, a emissora classificou o caso de "assassinato seletivo" e disse que se trata de "mais um ataque flagrante e premeditado à liberdade de imprensa". >
Israel confirmou o ataque, através das Forças de Defesa, e alegou que al-Sharif era líder de uma célula terrorista do Hamas e que foi responsável por ataques com foguetes contra civis israelenses. A Al Jazeera diz que israelenses tem tentado criminalizar seus jornalistas. >
Israel não permite a entrada de jornalistas internacionais para cobrir o conflito, o que leva muitos veículos a utilizarem repórteres locais na cobertura. >
"O fato é que o governo israelense quer silenciar a cobertura de qualquer canal de notícias de dentro de Gaza", disse o editor-chefe da Al Jazeera, Mohamed Moawad, ao programa The Newsroom, da BBC. "Isso é algo que nunca vi antes na história moderna.">
Al-Sharif tinha 28 anos e era um nome de destaque da Al Jazeera. Momentos antes da morte, ele fez um post no antigo Twitter falando sobre um novo bombardeio na Cidade de Gaza. >
No último mês, a Ala Jazeera divulgou uma declaração afirmando que a vida do repórter estava em risco por conta de declarações do governo israelense tentando ligá-lo a crimes, e pedindo proteção. Também em julho, o porta-voz das Forças de Defesa de Israel, Avichai Adraee, publicou um vídeo de al-Sharif afirmando que ele fazia parte do Hamas. >
A alegação foi classificada de "infundada" pela relatora especial da ONU para liberdade de expressão, Irene Khan. Ela afirmou que havia "evidências cada vez maiores de que jornalistas em Gaza estavam sendo alvos e mortos pelo Exército israelense com base em alegações infundadas de que eram terroristas do Hamas".>
Até agora, 186 jornalistas foram mortos desde o início da ofensiva militar em Gaza, em outubro de 2023, segundo dados do Comitê para Proteção de Jornalistas (CPJ).>