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Publicado em 26 de junho de 2024 às 18:35
Tanques do Exército da Bolívia cercaram nesta quarta-feira, 26, a Praça Murillo, sede do governo local e a cúpula militar pressionou o presidente Luis Arce a fazer trocas na equipe de governo, em meio a uma crise política aberta entre o comandante do Exército, Juan José Zúñiga, e o ex-presidente Evo Morales, padrinho político de Arce. >
Durante o cerco, um dos veículos chegou a tentar derrubar a porta de entrada do palácio presidencial. O general entrou no prédio e teve uma discussão com Arce que, por meio de sua conta no Twitter, denunciou "movimentos irregulares de tropas" e pediu respeito à democracia boliviana.>
Antes de entrar na sede do governo, o general Zúñiga pressionou por trocas no gabinete de ministros. Tenho certeza que em breve teremos um novo gabinete. O nosso país e o nosso Estado não podem continuar assim" disse o general, que garantiu que, "por enquanto",reconhece Arce como comandante em chefe.>
Imagens feitas pela TV boliviana da entrada de Zúñiga no palácio mostra trechos da conversa entre o presidente e o general no qual o chefe do Executivo faz alertas ao militar."Eu sou seu comandante e ordeno que retire seus soldados e não permitirei essa insubordinação", disse o presidente.>
Ministros de Arce, bem como seu padrinho político, Evo Morales, acusaram os militares de tramar um golpe de Estado contra o presidente.>
"Apelamos a uma Mobilização Nacional para defender a Democracia face ao golpe de Estado que está decorrendo à frente do General Zuniga", disse Evo.>
Crise política>
Segundo a imprensa boliviana, a tensão entre Arce e a cúpula do Exército aumentou nos últimos dias depois de críticas de Zúñiga a Evo.>
Em entrevista na segunda-feira, 24, a um canal de televisão, o chefe do Exército disse que prenderia Morales se ele insistisse em concorrer à presidência nas eleições de 2025, mesmo tendo sido desqualificado pela Justiça eleitoral.>
"Legalmente, ele está desqualificado, não pode mais ser presidente deste país", disse Zúñiga.>
Evo foi deposto por militares em 2019, em meio a intensos protestos no país que o acusavam de fraudar as eleições.>
Mais tarde, Arce fez um novo pronunciamento, lembrando da crise de 2019. "Não podemos permitir, mais uma vez, que tentativas de golpe de Estado tirem a vida dos bolivianos", disse ele de dentro do palácio, cercado por funcionários do governo, em uma mensagem de vídeo enviada aos meios de comunicação.>
Pressão regional>
Pouco depois das declarações de Arce, o secretário-geral da Organização dos Estados Americanos, o diplomata uruguaio Luis Almagro, disse que a entidade não tolerará a ruptura da ordem institucional no país.>
"Manifestamos a nossa solidariedade para com o presidente Luis Arce . A comunidade internacional e a Secretaria-Geral da OEA não tolerarão qualquer forma de violação da ordem constitucional legítima na Bolívia ou em qualquer outro lugar", disse Almagro.>
Os presidentes do Chile, Gabriel Boric, e de Honduras, Xiomara Castro, também criticaram qualquer tentativa de ruptura institucional na Bolívia.>