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Carol Neves
Publicado em 15 de dezembro de 2025 às 08:57
O candidato de direita José Antonio Kast, do Partido Republicano, foi eleito presidente do Chile neste domingo (14), ao derrotar Jeannette Jara, do Partido Comunista, ex-ministra do Trabalho do governo Gabriel Boric (Frente Ampla). Aos 59 anos, o opositor do atual mandatário liderava a apuração com 58,2% dos votos válidos contabilizados.>
Desde a campanha, o presidente eleito passou a ser associado ao ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro (PL), comparação que ganhou espaço entre analistas políticos e na imprensa internacional. Embora o rótulo seja considerado simplificador, ele encontra eco em semelhanças ideológicas claras. Kast defende bandeiras como a valorização da família tradicional, o endurecimento das leis penais, críticas à imigração irregular e desconfiança em relação a organismos multilaterais. Entre as propostas mais controversas está a deportação de mais de 300 mil imigrantes em situação irregular e a instalação de cercas nas fronteiras, medidas que remetem ao discurso de segurança e soberania adotado por Bolsonaro no Brasil.>
O estilo de comunicação também aproxima os dois líderes. Assim como o ex-presidente brasileiro, Kast costuma usar um tom combativo nas redes sociais e em pronunciamentos públicos, direcionando críticas a adversários políticos e à imprensa, estratégia que marcou o bolsonarismo.>
Apesar das afinidades no discurso, o cenário institucional impõe diferenças relevantes. Bolsonaro chegou ao Planalto com uma base expressiva no Congresso e apoio de setores militares. Kast, por sua vez, terá de lidar com um Parlamento fragmentado e sem maioria definida, o que deve exigir maior capacidade de negociação para aprovar sua agenda.>
As trajetórias políticas também não são idênticas. Bolsonaro construiu sua carreira ao longo de quase três décadas como deputado federal. Kast exerceu quatro mandatos como deputado, passou por funções técnicas e fundou o Partido Republicano em 2019, legenda que serviu de base para sua candidatura presidencial.>
No campo internacional, ambos compartilham críticas a governos de esquerda como os de Cuba, Venezuela e Nicarágua, além de buscar aproximação com administrações conservadoras. Kast já sinalizou intenção de fortalecer relações com Estados Unidos e Israel e de revisar acordos com países que classifica como “ideologicamente hostis”.>
A comparação entre Kast e Bolsonaro, ainda que não esgote as particularidades de cada país, ajuda a compreender o momento político vivido pelo Chile e o fortalecimento de uma nova direita na América Latina, caracterizada por discurso duro, apelo popular e forte oposição à esquerda.>