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Carol Neves
Publicado em 3 de setembro de 2025 às 08:34
“Não é uma despedida, jamais. Não é uma despedida. É só uma mensagem de que daqui a uns dias estarei de volta. Deus é conosco.” Horas depois de enviar esse áudio à esposa Cecília, o mineiro Bruno de Paula Carvalho Fernandes, de 29 anos, morreu em uma emboscada na linha de frente da guerra na Ucrânia.>
Natural de Governador Valadares (MG), Bruno atuava como técnico de enfermagem antes de viajar, no fim de maio, para integrar o exército ucraniano como voluntário. Ele chegou a vender o carro para custear parte da ida e recebeu carteira militar ao ser registrado oficialmente como soldado.>
Cecília contou que o marido já havia sido gravemente ferido semanas antes, atingido inclusive na cabeça, e chegou a ficar internado em uma UTI. Recuperado parcialmente, foi novamente enviado ao combate. “Ele não podia falar não, estava sendo obrigado a ir”, disse em entrevista ao portal G1 a esposa, que também afirmou ter sonhado com a morte dele na véspera do ataque.>
Um companheiro relatou que Bruno foi atingido na cabeça e nas pernas e não resistiu. O corpo caiu em uma área de difícil acesso, o que dificulta o resgate. “Ele era um homem incrível, sempre feliz. Partiu fazendo o que gostava, que era lutar”, disse o colega, que informou ainda que outro brasileiro foi ferido gravemente, mas sobreviveu.>
Segundo Cecília, o marido foi recrutado por meio de páginas em redes sociais que ofereciam salários de até R$ 30 mil, além de hospedagem, transporte e alimentação pagos pelo governo ucraniano. “Ele foi vítima de todo esse sistema de recrutamento”, desabafou.>
A família aguarda orientações do Itamaraty sobre o traslado. O órgão já havia emitido alerta consular desaconselhando a participação de brasileiros em conflitos militares no exterior. >