Cadastre-se e receba grátis as principais notícias do Correio.
Carol Neves
Publicado em 27 de agosto de 2025 às 09:58
Astrônomos internacionais identificaram um planeta gigante ainda em formação ao redor de uma estrela jovem semelhante ao Sol, em uma descoberta considerada rara e promissora para o estudo da origem dos sistemas planetários. Chamado de WISPIT 2b, o planeta foi encontrado por meio do Very Large Telescope (VLT), no deserto do Atacama, Chile, e orbita a estrela WISPIT 2, localizada a cerca de 430 anos-luz da Terra, na constelação de Áquila. >
Com cerca de 5 milhões de anos, o planeta ainda emite calor de sua formação recente, o que o torna visível em luz infravermelha, tecnologia semelhante à usada em óculos de visão noturna. Imagens obtidas por pesquisadores das universidades de Galway (Irlanda), Leiden (Holanda) e do Arizona (EUA) também revelaram sinais em luz visível, indicando que o planeta continua a crescer, acumulando gás e formando sua atmosfera.>
Essa é apenas a segunda vez que um planeta é confirmado em estágio tão precoce de desenvolvimento, e a primeira em que é detectado de forma inequívoca dentro de um disco com múltiplos anéis e fendas, o que torna o sistema um "laboratório ideal" para estudar a interação entre planetas e o material que os cerca.>
“Descobrir esse planeta foi uma experiência incrível, tivemos uma sorte incrível. O WISPIT 2, uma versão jovem do nosso Sol, está localizado em um grupo pouco estudado de estrelas jovens, e não esperávamos encontrar um sistema tão espetacular. Este sistema provavelmente será uma referência nos próximos anos”, afirmou Richelle van Capelleveen, doutoranda da Universidade de Leiden.>
Cientistas encontram planeta em formação
O disco ao redor da estrela se estende por aproximadamente 380 unidades astronômicas (uma unidade astronômica é a distância média entre a Terra e o Sol, cerca de 149,5 milhões de quilômetros) e apresenta pelo menos quatro anéis concêntricos separados por lacunas. Segundo os pesquisadores, esses padrões podem ser criados por planetas em formação que, ao orbitar, limpam o caminho ao redor e moldam o disco.>
“Capturar uma imagem desses planetas em formação provou ser extremamente desafiador e nos dá uma chance real de entender por que os milhares de sistemas de exoplanetas mais antigos parecem tão diversos e tão diferentes do nosso próprio sistema solar”, afirmou o professor Christian Ginski, da Escola de Ciências Naturais da Universidade de Galway.>
A descoberta foi feita dentro de um projeto de pesquisa de cinco anos, que investiga se planetas gigantes gasosos de órbita larga são mais comuns em estrelas jovens ou mais velhas. No caso do WISPIT 2b, o planeta está a cerca de 57 unidades astronômicas de sua estrela, ou seja, mais distante do que Plutão está do Sol.>
O achado também reforça uma teoria importante: a de que planetas gigantes de órbita ampla podem se formar diretamente onde são encontrados, sem precisar migrar de regiões mais próximas da estrela, como apontavam modelos anteriores.>
A equipe pretende seguir acompanhando o sistema nos próximos anos, aproveitando o raro vislumbre do processo de nascimento de um planeta, um espetáculo que, no tempo do Universo, equivale a um piscar de olhos.>