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Carol Neves
Publicado em 25 de agosto de 2025 às 13:01
Uma expedição científica liderada por pesquisadores argentinos no fundo do Oceano Atlântico revelou criaturas marinhas nunca antes vistas, incluindo uma estrela-do-mar que viralizou nas redes sociais por um motivo, digamos, peculiar. Com o disco central mais "rechonchudo" que o comum, o animal foi apelidado pelos internautas de estrella culona (“estrela bunduda”, em espanhol). >
A missão aconteceu no cânion submarino Mar del Plata, na costa da Argentina, conduzida pelo Conselho Nacional de Pesquisas Científicas e Técnicas (CONICET), em parceria com o Schmidt Ocean Institute. A bordo do navio Falkor, os cientistas utilizaram um veículo operado remotamente (ROV) equipado com câmeras de alta definição para capturar imagens das profundezas do Atlântico Sul, região considerada de alta biodiversidade e ainda pouco explorada.>
Criaturas do fundo do mar
Durante o mergulho, foram registradas mais de 50 espécies, entre elas lulas luminosas, lagostas cor-de-rosa, ouriços, pepinos-do-mar, esponjas carnívoras, raias coloridas, caracóis e corais até então desconhecidos. Pelo menos 40 das espécies filmadas são inéditas para a ciência.>
Mas foi a estrela-do-mar do gênero Hippasteria que despertou mais curiosidade. A imagem do animal, encontrada em uma superfície vertical, deu a ilusão de possuir “nádegas”, algo inexistente na anatomia desses equinodermos. “Pode ser que a estrela observada esteja um pouco gordinha por causa da alimentação ou pela presença de gametas. Mas isso não sabemos, seria necessário analisá-la de perto”, explicou a bióloga Pamela Rivadeneira, da Universidade de Buenos Aires, em entrevista ao site Infobae. Ela acrescenta que o aspecto incomum pode ter sido causado pela gravidade, já que a posição da estrela no fundo do mar poderia ter feito seu disco central “pendurar”.>
Mesmo com o tom bem-humorado das redes sociais, o projeto tem objetivo sério: compreender e preservar a vida marinha profunda da região. Um pesquisador da equipe afirmou que caracterizar estes habitats é essencial "para valorizar e proteger a biodiversidade marinha" do país.>
Pela primeira vez, uma expedição científica argentina foi transmitida ao vivo no YouTube e na Twitch, permitindo que qualquer pessoa acompanhasse em tempo real as descobertas do fundo do mar. As transmissões seguem disponíveis no canal oficial do Schmidt Ocean Institute no YouTube.>
O trabalho realizado no cânion do Mar del Plata integra uma série de estudos sobre a fauna marinha profunda na costa argentina, que já catalogaram mais de 100 espécies de estrelas-do-mar entre o Rio da Prata e o Banco Namuncurá.>