Cadastre-se e receba grátis as principais notícias do Correio.
Pedro Carreiro
Estadão
Publicado em 11 de setembro de 2025 às 18:48
A participação da equipe Israel-Premier Tech na Volta da Espanha reacendeu o debate sobre a relação entre esporte e política internacional. Em meio às crescentes tensões causadas pela guerra em Gaza, a porta-voz do governo espanhol e ministra da Educação e Esportes, Pilar Alegría, defendeu que sejam adotadas contra atletas israelenses medidas semelhantes às impostas à Rússia após a invasão da Ucrânia. >
"O que estamos vivendo agora é um massacre, é um genocídio. Estamos vendo crianças e bebês morrendo de fome e temos mais de 60.000 mortos. É uma situação dramática, e é importante que o esporte demonstre uma posição pelo menos semelhante à que vimos com a Rússia", declarou Alegría.>
A ministra cobrou uma postura mais firme das autoridades esportivas internacionais diante da gravidade do conflito. "Neste caso, as competições são realizadas pela UCI (União Ciclista Internacional), e a decisão deve ser compartilhada pelo COI (Comitê Olímpico Internacional), como esporte olímpico. Diante da situação que vivemos, de tamanha gravidade, precisamos tomar uma posição e uma decisão", completou.>
A tradicional corrida, que termina neste domingo em Madri, tem sido marcada por protestos pró-palestina direcionados à equipe israelense. Em cidades como Bilbao, na semana passada, e Pontevedra, na última terça-feira, manifestações obrigaram a organização a encurtar etapas da competição.>
Fundada pelo bilionário israelense-canadense Sylvan Adams, a Israel-Premier Tech conta apenas com um ciclista de nacionalidade israelense. Por questões de segurança, o atleta precisou correr com uniforme modificado, sem menções ao país, em uma tentativa de proteger tanto sua integridade quanto a do restante do pelotão, segundo informações da AFP.>
Os episódios refletem o agravamento da crise diplomática entre Espanha e Israel. O governo de Pedro Sánchez tem adotado uma das posturas mais críticas da Europa em relação à ofensiva israelense em Gaza. Em maio de 2024, Madri reconheceu oficialmente o Estado da Palestina e, recentemente, anunciou novas medidas com o objetivo declarado de "acabar com o genocídio em Gaza".>