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Carol Neves
Publicado em 3 de julho de 2025 às 08:13
Uma história inusitada envolvendo memória chamou atenção de médicos na Inglaterra. Alpha Kabeja, um jovem de 29 anos natural de Uganda, foi atropelado por uma van enquanto andava de bicicleta em Londres. Apesar da ausência de ferimentos visíveis, ele perdeu a consciência no local e foi levado rapidamente a um hospital por pessoas que presenciaram o acidente. >
No hospital, os médicos inicialmente não encontraram sinais evidentes de trauma, mas, diante da gravidade da colisão, decidiram realizar uma tomografia. O exame revelou que o cérebro de Kabeja havia se deslocado para o lado esquerdo, o que exigiu uma cirurgia de emergência para aliviar a pressão intracraniana. Parte do crânio precisou ser removida. Após o procedimento, os médicos informaram à família que o paciente havia entrado em coma e, caso despertasse, poderia apresentar perda significativa de memória.>
Três semanas depois, para surpresa da equipe médica, Kabeja recobrou a consciência. Ele reconheceu seu nome e detalhes da própria vida, mas também passou a relatar memórias de situações que nunca aconteceram. Entre essas lembranças, afirmou que sua namorada na época esperava gêmeos e disse que havia guardado a imagem do ultrassom em um de seus livros. "Me lembro de guardar a foto do ultrassom em um dos meus livros", relatou, segundo o jornal El Tiempo.>
O jovem também acreditava ter participado de uma entrevista com uma importante agência de inteligência britânica e afirmava ter sido recrutado para trabalhar lá, utilizando jatos particulares para se deslocar. Além disso, discordava da versão oficial sobre o acidente. Ele dizia que não voltava de uma visita à casa da namorada para celebrar o Ano Novo, mas que retornava de um turno como agente do Serviço Secreto.>
Perplexos, amigos e familiares buscaram explicações com os médicos, que esclareceram que Kabeja apresentava um quadro de amnésia pós-traumática. Segundo os especialistas, esse tipo de lesão faz com que o cérebro crie memórias fictícias para preencher as lacunas deixadas pelo trauma, dando ao paciente uma falsa sensação de continuidade e identidade.>
“Crianças ressoam com meu subconsciente porque, na época do meu acidente, todos que eu conhecia estavam esperando filhos, e gêmeos entraram em cena porque gêmeos são comuns na minha família”, explicou ele.>
Com o passar do tempo, Alpha Kabeja compreendeu que as imagens que trazia na mente eram construções criadas durante o coma. Ainda assim, reconheceu que essas lembranças irreais o ajudaram a atravessar momentos difíceis ao longo da recuperação, servindo como apoio emocional no processo de reconstrução de sua vida.>