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Estadão
Publicado em 24 de outubro de 2023 às 10:43
Yocheved Lifschitz, de 85 anos, uma das reféns libertadas pelo Hamas na segunda-feira, 23, criticou os militares israelenses por não levarem a sério as ameaças do grupo terrorista e descreveu o que passou como "inferno". Ela permaneceu em cativeiro sob o poder do Hamas durante 16 dias e foi libertada junto de Nourit Kuper, de 79, ambas de nacionalidade israelense e originárias do kibutz Nir Oz. >
"Não sei para onde me levaram", disse Yocheved. "Fui colocada de lado em uma moto, para que eu não caísse, um terrorista me segurando pela frente, e outro, por trás. Eles cruzaram a fronteira com a Faixa de Gaza e me mantiveram primeiro na cidade de Abesan. Depois disso, não sei para onde fui levada.">
Falando com repórteres no hospital Ichilov em Tel Aviv após sua libertação, Yocheved declarou que "passou pelo inferno" durante suas duas semanas como refém, de acordo a imprensa israelense. Ela conta que, no trajeto de moto até o cativeiro, os terroristas bateram nela com paus, o que gerou lesões. A idosa também relatou dificuldades para respirar.>
"Eles nos levaram até a entrada dos túneis. Chegamos no túnel e caminhamos quilômetros em piso molhado e sujeira. Há um sistema gigante de túneis, como teias de aranha", disse Yocheved, de acordo com o jornal israelense Haaretz. Segundo seu depoimento, os reféns foram bem tratados no cativeiro e os sequestradores foram amigáveis. "Deitamos em colchões, eles garantiram que tudo estava higiênico", disse ela. "Eles garantiram que não ficaríamos doentes e tínhamos um médico conosco a cada dois ou três dias.">
Os reféns foram alimentados com pão pitta com queijo branco, queijo processado e pepino - a mesma comida da qual os terroristas também se alimentaram.>
'Fomos abandonados pelo governo'>
Em sua conversa com a imprensa nesta terça-feira, 24, Yocheved acusou as Forças de Defesa de Israel (FDI) de não levarem "a sério" as ameaças do Hamas. Ela também criticou a cerca fronteiriça colocada na divisa com Gaza, a qual custou muito dinheiro e foi rompida no ataque de 7 de outubro. "Isso não ajudou", disse a idosa, segundo a CNN.>
Em relação ao ataque surpresa sem precedentes feito pelo Hamas, ela disse que os moradores do kibutz onde morava foram prejudicados pela falta de conhecimento das FDI e do Shin Bet, o serviço de segurança interna de Israel. "Éramos os bodes expiatórios do governo", disse ela. "Eles nos avisaram com três semanas de antecedência, queimaram campos, enviaram balões de fogo e as FDI não levaram isso a sério", acrescentou, referindo-se ao Hamas.>
"Fomos abandonados pelo governo três semanas antes. (O Hamas) nos educou, por assim dizer [...] De repente, no sábado de manhã, quando tudo estava quieto, eles nos bombardearam, depois enxames invadiram a cerca cara, abriram as portas do Kibutz, foi muito desagradável", relatou.>
Marido de Yocheved é refém>
Yocheved Lifschitz e Nurit Cooper foram libertadas três dias depois da soltura de outras duas reféns que estavam nos cativeiros do Hamas. Na sexta-feira, 20, o grupo soltou as primeiras cativas após uma negociação com os Estados Unidos, mediada pelo Catar. Judith e Natalie Raanan, moram em Evanston, no Estado americano de Illinois, e estavam em Israel para comemorar o aniversário de um familiar e celebrar um feriado religioso.>
De acordo com o exército de Israel, ainda há 220 pessoas que foram sequestradas e estão sob poder do grupo terrorista. Um deles é o marido de Yocheved, Oded Lifschitz, de 83 anos. Com a esposa, ele foi sequestrado em sua casa no kibutz Nir Oz, perto da fronteira com Gaza, no sul de Israel.>
Ela e o seu marido eram ativistas pela paz que transportavam regularmente pacientes palestinos de Gaza para receberem tratamento médico em hospitais israelenses. Mas no cativeiro, os reféns disseram aos seus captores: "não queremos falar sobre política", disse ela.>
"Embora me faltem palavras para expressar meu alívio por saber que estão a salvo, continuo concentrada na libertação do meu pai e das 200 pessoas inocentes ainda retidas em Gaza", disse a filha de Yocheved, Sharone Lifschitz, de nacionalidade britânica Com agências internacionais.>