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Carol Neves
Publicado em 9 de junho de 2025 às 09:27
A cidade de Los Angeles, nos Estados Unidos, enfrenta um aumento significativo nas tensões desde a chegada da Guarda Nacional, enviada pelo presidente Donald Trump, neste final de semana. O envio das tropas ocorre em meio a uma onda de protestos contra as recentes medidas federais que visam expulsar imigrantes em situação irregular, um tema especialmente sensível em uma cidade marcada pela forte presença de comunidades latinas. >
A movimentação nas ruas começou há três dias, mas ganhou novos contornos no domingo (8), quando manifestantes encapuzados incendiaram veículos. A resposta das forças de segurança veio com o uso de gás lacrimogêneo e balas de borracha. Segundo o jornal Los Angeles Times, ao menos 27 pessoas foram presas durante os confrontos.>
Trump comentou os episódios em uma rede social, classificando os manifestantes como “multidões violentas” e afirmou: “A ordem será restaurada e os ilegais serão expulsos”.>
A ação federal, no entanto, encontrou resistência no governo local. O governador da Califórnia, Gavin Newsom, se posicionou firmemente contra a presença das tropas, acusando o presidente de abuso de autoridade. “Todos os governadores democratas concordam: as tentativas de Donald Trump de militarizar a Califórnia são um alarmante abuso de poder”, afirmou. Newsom, filiado ao Partido Democrata, argumentou que a medida é provocativa e tende a acirrar ainda mais os ânimos.>
A situação se agravou com novos confrontos no centro da cidade, onde manifestantes realizaram uma marcha em defesa dos imigrantes logo após a chegada das tropas. Segundo a agência Associated Press, o estopim de uma nova onda de violência foi um protesto em frente a uma prisão. Militares enviados por Trump foram posicionados ao redor de edifícios federais.>
Durante os distúrbios, a rodovia 101, uma das principais da cidade, foi completamente bloqueada. Carros autônomos da Waymo, subsidiária da Alphabet (controladora do Google), chegaram a ser incendiados. A polícia local declarou os protestos como “reuniões ilegais” e relatou ataques com pedras e garrafas.>
Não é a primeira vez que Trump recorre à Guarda Nacional diante de manifestações. Em 2020, ele instou governadores a enviarem tropas a Washington D.C. após os protestos provocados pela morte de George Floyd. Desta vez, porém, o presidente age em confronto direto com o governador estadual, que, constitucionalmente, detém o controle sobre a Guarda Nacional da Califórnia.>
Trump defende que a federalização das tropas é necessária para enfrentar o que classifica como um cenário de “ilegalidade”. Newsom, por sua vez, afirmou que a medida "só servirá para aumentar as tensões".>