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Carol Neves
Publicado em 22 de julho de 2025 às 10:35
Os Estados Unidos anunciaram nesta terça-feira (22) sua nova retirada da Unesco, repetindo um movimento já feito pelo ex-presidente Donald Trump durante seu primeiro mandato, em 2018. Segundo o Departamento de Estado, a decisão está alinhada com os interesses da política externa do atual governo e se deve ao que foi chamado de “agenda ideológica” da agência cultural da ONU.>
A porta-voz do Departamento de Estado, Tammy Bruce, afirmou em comunicado que “a Unesco promove causas sociais e culturais polarizadoras e mantém um foco desproporcional nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU, uma agenda ideológica e globalista de desenvolvimento internacional que vai contra nossa política externa America First”.>
Após a saída promovida por Trump em 2018, o país havia retornado à Unesco em julho de 2023, por decisão do presidente Joe Biden. Agora, com o republicano de volta à Casa Branca, os EUA retomam uma postura crítica a organizações multilaterais, ampliando seu distanciamento de entidades da ONU. A decisão inclui ainda uma revisão da participação americana em outras agências, como a Organização Mundial da Saúde (OMS) e a agência de assistência aos palestinos, a UNRWA, com conclusões previstas para agosto.>
A diretora-geral da Unesco, Audrey Azoulay, lamentou o anúncio, mas disse que ele já era esperado. “Lamento profundamente a decisão do presidente Donald Trump de, mais uma vez, retirar os Estados Unidos da América da Unesco. (...) Por mais lamentável que seja, esse anúncio já era esperado, e a Unesco se preparou para isso”, declarou. A saída americana será efetivada em dezembro de 2026.>
Com sede em Paris e criada em 1945 após a Segunda Guerra Mundial, a Unesco tem como missão promover a paz e a cooperação internacional por meio da educação, da ciência e da cultura. É responsável, por exemplo, pela lista de Patrimônios Mundiais da Humanidade, como o centro histórico de Ouro Preto (MG) e o Grand Canyon, nos Estados Unidos.>
Donald Trump
A retirada norte-americana representa também um golpe financeiro para a agência, embora a contribuição do país já tenha sido reduzida nos últimos anos. Atualmente, os EUA respondem por cerca de 8% do orçamento da Unesco, participação bem menor do que os cerca de 20% registrados antes da saída de 2018.>
Os Estados Unidos já haviam deixado a Unesco no passado, em 1984, sob a presidência de Ronald Reagan, alegando má gestão e viés antiamericano. O país só retornou à agência em 2003, durante o governo George W. Bush, que na época reconheceu mudanças estruturais na entidade. >