5 milhões de lavadas de mãos

Linha Fina Lorem ipsum dolor sit amet consectetur adipisicing elit. Dolorum ipsa voluptatum enim voluptatem dignissimos.

  • Foto do(a) author(a) Aninha Franco
  • Aninha Franco

Publicado em 27 de junho de 2020 às 05:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: .

A trilha, vocês sabem, é o vestígio que fica por onde se passa. E cá estou eu atrás do vestígio deste sábado, 26 de junho, 3º mês de isolamento e pandemia, 5 milhões de lavadas de mãos e 1.200 banhos a mais que o habitual. A morte do meu amigo querido, o historiador Luís Henrique Dias Tavares, meu professor, meu mestre que deixou trilhas profundas quando significou a Conspiração dos Búzios e tirou da obscuridade alfaiates e artesãos que morreram para fazê-la. Que trilhou o futuro quando, gestor público, publicou Gregório de Mattos (1636 a 1696) na íntegra com o escritor James Amado (Editora Janaína, 1968), pela primeira vez, 274 anos depois da morte do poeta, fortalecendo nossas trilhas com sua voz denunciando a corrupção dos políticos e a hipocrisia dos sacerdotes no século 17, sob um regime colonial matador. Tomara que os nascidos nos anos 2050 tenham a fortuna de um Luís Henrique como nós tivemos, nascidos nos anos 1950. E que a Lei das Fake News não lhes impeça de conhecer essa viagem alucinada que estamos vivendo.  

Meus botões, companheiros de pouco uso neste isolamento viral, perguntam por que rolaram 13 votos contra à Lei do Saneamento aprovada  na quarta-feira. Minha taça de vinho explica que todos os senadores pelo Rio de Janeiro votaram a favor do Saneamento. Mas o carioca na Bahia deve achar que a Embasa faria o trabalho que não fez nesses 13 anos de política 13.      

E a nossa dor balança os chãos das casas, Moraes, 5 milhões de lavadas de mãos e 1200 banhos a mais que o habitual. Como tudo isso será contado pelos historiadores nos anos 2050?  E a desigualdade que a pandemia escancarou no Brasil, quando deixará de ser pandêmica? Milhares de textos, postagens, vídeos garantem que um mundo mais humano acontecerá quando tudo isso acabar. Porque está claro que nós, humanos, somos menores que essa coisinha minúscula que parou tudo. Que parou o Planeta de Xi na China e parou o Planeta de Trump nos USA. 

E que vivendo isso, talvez, a humanidade queira melhorar depois da pandemia. Talvez sim no resto do planeta. Mas no Brasil existe a coisa sólida que não desmancha no ar, a corrupção, praticada por políticos & empresários antes da pandemia, praticada por políticos & empresários durante a pandemia, que torna qualquer mudança difícil.