75% dos catadores de Salvador ganham cerca de R$ 100 por mês, diz Defensoria

Dados são de levantamento com 174 catadores cadastrados; veja mais

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  • Da Redação

Publicado em 7 de junho de 2021 às 13:02

- Atualizado há um ano

. Crédito: Divulgação/Defensoria Pública

Uma pesquisa feita pela Defensoria Pública do Estado da Bahia (DPE-BA) em conjunto com o Fórum de Catadores de Rua em Situação de Rua mostrou que 97,1% dos catadores de lixo de Salvador são negros e cerca de 75% não ganham mais do que R$ 100 por mês com a reciclagem. 

Em Vitória da Conquista, 83,5% dos catadores são negros ou pardos. A maioria (57%) tem renda mensal de no máximo R$ 500.

O levantamento mostra que uma boa parte dos catadores está acima dos 50 anos - 40,2% em Salvador e 39% em Conquista. Há diferença de gênero entre as cidades. Enquanto em Conquista 52,4% são homens, na capital 56,3% são mulheres.

O analfabetismo foi registrado em 29,4% dos catadores de Conquista e em 25,3% dos de Salvador. A maioria, nas duas cidades, ingressou no ensino fundamental, mas não concluiu - só 7% concluíram o nível mais básico. Em Salvador, 8% chegaram a completar o ensino médio, percentual que fica apenas em 1% na cidade do sudoeste.

A pesquisa foi feita pelo Núcleo de Gestão Ambiental (Nugam) coletando informações sobre os 347 catadores cadastrados na Associação Coletores de Resíduos Sólidos Recicláveis de Vitória da Conquista – o cadastro é feito pelo Programa Mãos que Reciclam. Em Salvador, foram considerados dados de 174 catadores cadastrados. 

“Os catadores são prestadores de serviço público de manejo de resíduos e coleta seletiva, mas, via de regra, não recebem adequado apoio dos gestores públicos municipais. O catador é protagonista na cadeia produtiva da reciclagem; toda ela se sustenta por meio da exploração do trabalho deles”, diz a defensora Kaliany Gonzaga, coordenadora do Mãos que Reciclam.

A Defensoria tem atuado para esclarecer os direitos e estimular a organização dos catadores, diz Kaliany. O órgão presta assistência jurídica e também está distribuindo milhares de cestas básicas para famílias de catadores, pessoas nas ruas e mulheres em vulnerabilidade social.

O programa “Mãos que Reciclam” é desenvolvido pela Defensoria Pública da Bahia desde 2014 com o objetivo de desenvolver ações e campanhas de superação da política de invisibilidade e desigualdade social que envolvem o coletivo de catadores de materiais recicláveis, independentemente de sua forma de organização.