A arte contemporânea é uma velha senhora respeitável com mais de cem anos

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  • Cesar Romero

Publicado em 15 de outubro de 2018 às 05:00

- Atualizado há um ano

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Como alguém que conhece e trabalha bem técnicas tradicionais como desenho, pintura, gravura, escultura, já tem um certo caminho, uma base iconográfica, abandona o trabalho para ser “artista contemporâneo”? Para estar na moda? É bom avisar que nas técnicas tradicionais você pode perfeitamente ser contemporâneo. Mas o desespero de estar na moda, trabalhar com galerias que assumem essa vertente e geralmente (não todas) usam o nome contemporâneo em seu lugar fantasia, os fazem mudar.

Como não tem referencias nem conceitos, buscam copiar os legítimos como Ernesto Neto, Cildo Meireles, Tunga, Artur Barrio, Leonilson, Nelson Lairner, Vik Muniz, Hélio Oiticica, Lygia Clark, Lygia Pape, Regina Silveira (foto), Rivane Neuenschwander, Emanuel Nassar, Leda Catunda, Amélia Toledo, entre outros.

A arte contemporânea é defendida por alguns críticos como uma tendência na década de 1960, depois da pop art, minimal arte e inicio do pós-modernismo. Outros críticos assim classificam os artistas que produziram seus trabalhos a partir da segunda metade do século XX e mais os que vieram após as ideias de Marcel Duchamp. Não se chega a um consenso.

As teorias de arte contemporânea são diversas demais para se achar uma definição única, definitiva e clara. Resta aos estudiosos a humildade de entender que cada teoria contribui, formata um enigma de possibilidades. Quando separadas, diluem seu processo de compreensão. A arte contemporânea é uma velha senhora respeitável com mais de cem anos. Resta saber o que é legítimo.

O que cansa são as cópias disfarçadas, as repetições infinitas, o cansaço dos projetos, conceitos e temas representados. Vejamos: cadeiras, mesas cortadas ao meio e encostadas na parede, dando a ilusão de que estão saindo ou entrando. Se você escolhe esculturas tubulares, poder-se-ia até fazer uma individual com peças de muitos artistas, dada a repetição. Toalhas bordadas com fiapos ou não, carnes cruas em decomposição, excrementos, urubus em cárcere, retábulos, oratórios com figuras de super-heróis ou outros, tranças de nylon ou aço, cabeças de bonecas caindo do teto, água vermelha saindo da pia, cordas, lençóis enrolados e tanto mais.

Alguns preferem chocar, agredir como se isso fosse mais arte. Muita bizarria. Pode ser arte sim. É bem mais possível que não, apenas uma forma de aparecer pelo inusitado e buscando a algazarra de cena.

Não se faz arte buscando o marketing do escândalo, ser do tumulto esparramado, saber das facilidades de “acontecer na mídia”.

Faz-se arte no silêncio da essência, em conceitos essenciais da qualidade e na pujança do novo.