A arte não é ciência e, por isso, é muito difícil ser grande e original

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  • Cesar Romero

Publicado em 4 de junho de 2018 às 05:00

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Quando alguém toma a decisão de ser artista profissional, tem que estar atento a alguns itens importantes para manter a carreira e viver dignamente de seu produto. Quando se inicia, pouquíssimos tem noção do que é ser um artista e principalmente como profissionalizar sua carreira. Fazem por que acham bonito, é jeitoso, segue a carreira dos antecessores, foi estimulado pela professora, leu sobre artistas famosos, querem um tempo solto sem obrigações de horários, creem que exista glamour nesta escolha e de forma autodidata ou não, pensam no estrelato fácil. Muitos enganos.

A arte não é uma ciência, embora possa se basear em sinais e sintomas e apoiar-se em alguns ensinamentos da ciência. Arte é transfiguração, originalidade, marca autoral e idioleto. Por isso é difícil ser um grande artista, um inventor de linguagem. Muitos sabem disso, seu exato tamanho e possibilidades, outros nem pensam no assunto. Pode até vir a ser um virtuoso, mas grande artista não. O artista cria entre a intuição e a razão. Não se aprende a criar arte, é algo endógeno, pode-se aperfeiçoar técnicas através do fazer constante – tudo é treinamento – ou através de professores e escolas. Não se aprende a ser um bom colorista, dominar os espaços, estabelecer conceitos aprofundados. Criar é ordenar o caos, uma nova proposição para inventar momentos, apreendidos no tempo. O tempo e a arte são eternos, as outras coisas circundantes não. Somos uma fração de segundos no bojo do tempo. Ele é cruel em sua passagem. Fica quem matura no processo da observação, no repensar dos conceitos e na reflexão. Sucesso instantâneo não é tarefa improvável, mas manter uma carreira por décadas, sempre criativo no seu assunto é extremamente difícil. Artistas visuais são provocações que convertem armadilhas do olhar, no engenho de capturas de estranhamentos marcados do mundo real. É o que determina o poder criativo. O destino do artista sempre será a ocorrência, e as pontes de acesso entre pessoalidade e pluralismo contemporâneo. Infelizmente o talento não garante sobrevivência, viver com dignidade do fazer, do produto final, mas contribui de forma notável para formações de iconografias originais, renovadores, que muitas vezes marcam a História da Arte. Josef Albers (foto) (1888 – 1976) de forma aparentemente singela, em uma série “Homenagem ao Quadrado”, trabalhou estruturas simples de três quadrados um dentro do outro, usou apenas uma figura geométrica e variações cromáticas e nunca se repetiu. Transformou-se em um dos maiores artistas da humanidade. Arte é sentido de vida, uma grande decisão.