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Da Redação
Publicado em 24 de junho de 2020 às 05:00
- Atualizado há um ano
A experiência humana sobre aconchego físico, psicológico e até espiritual sempre pareceu ser condição referencial daqueles que se dispõem num ciclo social a cuidar do outro. Todo agrupamento social com registros históricos de civilização e/ou compreensão organizativa de uma sociedade nutriu a necessidade de ícones e personagens mais sensíveis e, portanto, figuras populares que cumpriam com uma função em seus núcleos, a ponto de transmitirem ao próximo seus sentimentos e emoções, eram procurados a fim da "cura" a partir desta afetividade.
Uma resposta aos aflitos é um caminho traçante em busca de certas personalidades com destaques até sacerdotais para esta cura, pois seja qual for o dano, quem busca o "remédio" tem a carência, e o caridoso sempre é identificado por motivos óbvios de ser aquele que ampara e completa. Neste período em particular, todo processo que parte de um fluxo humanizado de atenção para com as dores e o peso de suas subjetividades e um cuidado realizado com empatia, atenção e acolhimento integral tem um reflexo propositivo fundamental para com a Vida.
A "doença" não é só a manifestação sintomática perceptível ou imperceptível, mas uma condição de desencaixe de inúmeras características comportamentais, profissionais e emocionais.
É aí que o conceito de humanidade parece estar exatamente definido pelo detalhe classificado pela ciência por "sapien", ou seja, "sábio", e dentro deste conceito figura-se o sujeito meticuloso e cuidadoso na lida precedente aos aspectos subjetivos e naturais da vida humana como um Todo, que se traduz numa imposição empática, no tratamento individualizado e respeito à intimidade e às diferenças.
Hoje, em conjuntura delicada que atinge níveis importantes das relações sociais, onde nunca foi tão marcante às memorias mais recentes o entendimento do quanto cada "peça" social pode fazer a diferença para o todo, um veículo dessa jornada aos cuidados talvez esquecidos ou banalizados tratado por patógeno conhecido como covid-19, lança todos em condições alarmantes de necessidades e cuidados ao corpo, mente e alma. O melhor medicamento em cada leito é a escuta atenta e diferenciada, com olhar sensível para as questões humanas gerando cura e autocura. Num processo de identificação genuína entre o curador e o curado.
Um pequeno curativo na "alma", até o ritual de despedida final, tem a inerência do cuidado, e quem diria que atenção e amor não são sinônimos desta atitude altruísta de empatia universal? Assim são todos em grau de humanidade, especialmente os profissionais de saúde, remetidos numa alavanca que transforme a dor da covid-19 numa oportunidade de tratar do começo à conclusão de cada passo nas intervenções técnicas em pura e natural materialização de gestos de atenção, carinho e amor em socorro amplo e integral a todos os aspectos que anseia a natureza humana em busca da cura.
Yurgan Targe é psiquiatra, gestor do Hospital de Campanha Itaigara Memorial - S3 gestão em saúde.