A Bahia e sua rede de cidades

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  • Waldeck Ornelas

Publicado em 25 de abril de 2019 às 06:09

- Atualizado há um ano

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Salvador exerce uma grande primazia na rede de cidades baianas. Mas as cidades do interior vêm crescendo e possibilitando uma redução progressiva dessa dominância, o que é fundamental para o desenvolvimento do estado. A Bahia, contudo, continua carente de cidades médias poderosas.  

Considerando-se as mais populosas cidades baianas, desde 1940 até os dias de hoje, é possível verificar que seis cidades estiveram na lista das “Top 10” durante todo o tempo, mas, à exceção de Salvador, nunca na mesma posição: Ilhéus começou como a 2ª maior cidade, hoje está apenas na 8ª posição; Feira de Santana que era a 4ª, galgou a 3ª posição em 1950 e ocupou o 2º lugar a partir de 1960. Três dessas cidades têm tido um curso oscilante: Itabuna, que variou entre a 3ª (1940, 1960-80) e a 4ª (1950, 1991-2010), estaria agora na 6ª; Jequié, a 7ª em 1940, chegou à 5ª posição nas décadas de 1970 e 1980, foi 6ª em 2000, 9ª em 2010, hoje seria a 10ª; Juazeiro oscilou entre a 9ª e 8ª posições, de 1940 a 1991, passou à 7ª em 2000 e 2010, hoje estaria na 5ª posição. Vitória da Conquista só entrou na lista em 1950, como 7ª, esteve na 4ª posição entre 1960 e 1980 e ocupa a 3ª desde 1991.

Refletindo os movimentos da economia baiana ao longo do período, várias cidades entraram e saíram desta lista. Em 1940 aí estavam Nazaré, Santo Amaro e Cachoeira, todas do Recôncavo; Valença aí esteve em 1950; Itapetinga em 1960 e 1970; Paulo Afonso entre 1960 e 1991; Candeias em 1980; Barreiras em 2010; Alagoinhas, que era a 6ª em 1940, passou à 5ª (1950), caiu para 7ª (1960, 1970), voltou para a 6ª (1980), foi 9ª em 1991 e 2000 e desde 2010 está fora das dez maiores.

As mais recentes na lista são Camaçari, a partir de 1991; Lauro de Freitas, a partir de 2000 e Teixeira de Freitas, que entra em 2018. Entre 2000 e 2018, Camaçari sobe da 8ª para a 4ª posição; Juazeiro avança da 7ª para a 5ª e Lauro de Freitas passa da 10ª para a 7ª. Para 2018 estão sendo consideradas as projeções da população municipal. A conferir, no Censo de 2020.

Observe-se que Juazeiro forma, com Petrolina (PE), o segundo maior aglomerado urbano do interior do Nordeste, atrás apenas de Feira de Santana, e seguida por Vitória da Conquista que, por sua vez, é maior do que Campina Grande (PB) e Caruaru (PE). Feira de Santana tem população próxima à de Aracaju, capital do vizinho estado de Sergipe. 

Essas variações na composição das “Top 10” baianas põem em relevo o fato de que as gestões municipais não costumam ter políticas de desenvolvimento econômico, geradoras de trabalho e renda para suas populações. Neste sentido, precisam merecer atenção, conforme o caso, comércio, agricultura, pecuária, turismo, mineração, indústria e serviços, hoje a mola mestra do crescimento econômico.

O papel do prefeito não é apenas administrar a prefeitura. Fazer isto é ficar olhando para o próprio umbigo. A prefeitura é tão somente um ente administrativo para a gestão da cidade e do município. É preciso também olhar para a região em que o município está inserido, e estar sempre atento às políticas e prioridades estaduais e nacionais. Mesmo o urbanismo precisa ser visto como instrumento de transformação urbana, visando o desenvolvimento e a qualidade de vida.

Cada vez mais o mundo é resultante do protagonismo que as cidades sejam capazes de assumir. Os prefeitos das cidades baianas, desde as menores até as mais populosas, precisam estar alinhados a essa nova realidade, uma exigência dos tempos modernos.

Prefeitos atuantes e contemporâneos não podem, é certo, deixar de reivindicar mais recursos em Brasília, mas nunca serão bons prefeitos se não tiverem uma agenda econômica para os seus municípios.  Waldeck Ornelas é especialista em planejamento urbano-regional e ex-secretário do Planejamento, Ciência e Tecnologia da Bahia