Cadastre-se e receba grátis as principais notícias do Correio.
Da Redação
Publicado em 30 de setembro de 2022 às 11:43
(Foto: Divulgação) Governador enquadrado O governador Rui Costa (PT) já foi avisado pela cúpula da Segurança Pública de que o assassinato do subtenente Alves pode gerar uma crise sem precedentes no grupo governista, tanto antes quanto após as eleições. Pessoas próximas ao governador o alertaram de que não faltam provas de que houve monitoramento dos carros onde estavam os policiais, que colaboravam também na equipe de segurança da campanha de ACM Neto. O alerta é que, se o caso de fato for investigado pela Polícia Federal, mais cedo ou mais tarde chegará numa conclusão, que deve atingir em cheio a cúpula da SSP e do governo, inclusive o próprio Rui. >
Alerta ligado Em conversas reservadas, fontes do governo garantem que Rui não só sabia do monitoramento como também ordenava que fosse realizado. Tanto é que, além do acompanhamento destes dois veículos em que estavam os policiais perseguidos, outros carros da campanha de ACM Neto foram alvos de abordagem da polícia nos últimos dias. O caso, dizem analistas das eleições, pode ser facilmente enquadrado como crime eleitoral. >
Boca grande Não custa lembrar que o próprio Rui Costa já admitiu publicamente, ainda que sem querer, que tem monitorado os eventos de ACM Neto em cidades do interior da Bahia. Em abril, numa entrevista à Rádio Metrópole, sem saber que o microfone estava ligado, o governador confessou: “A gente tem foto de todos os eventos de campanha. Todos”. E ainda disse que fazia isso há pelo menos um ano, ou seja, desde o começo de 2021.>
Tropa irritada O assassinato do subtenente Alves deixou a tropa da Polícia Militar da Bahia ainda mais irritada com o governo do estado. O sentimento na corporação é de que as ordens do Comando-Geral levaram os policiais a cometerem um erro gravíssimo, resultando na morte de um ‘irmão de farda’. A reação de policiais militares em conversas reservadas não deixa dúvidas: a tropa se sentiu usada para fins políticos do governo do PT. >
A punição A insatisfação da tropa aumentou ainda mais após uma providência tomada pelo governo do estado. O Comando-Geral convocou todos os policiais militares no dia da eleição, supostamente para trabalhar na segurança. Na prática, os policiais encaram a medida como um “aquartelamento maquiado”. A tropa encara a determinação como uma forma de impedir que os policiais votem, já que a cúpula do PT sabe que a grande maioria dos PMs não vota na esquerda, ainda mais após anos de desgaste e falta de investimentos do governo petista.>
A hora H O desespero bateu de vez no grupo governista às vésperas da eleição. A animação da semana anterior com pesquisas que apontaram o crescimento de Jerônimo Rodrigues (PT) deram lugar ao abatimento nos últimos dias. Integrantes da cúpula governista, em conversas reservadas, já admitem que Jerônimo empacou na reta final e que a vitória deve mesmo ir para ACM Neto. Argumentam que, nas grandes cidades da Bahia, a distância de Neto para Jerônimo é considerável e, até mesmo em regiões estratégicas para o grupo, o ex-prefeito de Salvador tem surpreendido e aparecido na frente do petista em várias cidades. >
Tensão O desânimo é observado também por parlamentares do grupo nos eventos pelo interior do estado nos últimos dias de campanha. Segundo relato de um deles, o governador Rui Costa tem andado cada dia mais cabisbaixo e irritado, inclusive soltando palavrões até mesmo contra pessoas de seu grupo. “Quem vê os últimos discursos de Rui se assusta com as agressões e o baixo nível das palavras”, relata um deles. >
Estelionato eleitoral Na reta final da campanha o PT baiano passou a usar o expediente do fake news, do qual tanto reclama nacionalmente. Na tentativa de enganar o eleitor, a campanha de Jerônimo Rodrigues tem usado imagens de atos em outras regiões do Brasil como se fossem no interior da Bahia. A estratégia da mentira tenta contornar a baixa adesão e o esvaziamento visto em diversas mobilizações. Em outra ponta, atos em apoio a ACM Neto lotam cidades, mesmo quando ele não está presente, tal como Itapetinga na última quarta.>
Descaminhos da Bahiatursa I A Superintendência de Fomento ao Turismo do Estado da Bahia (Bahiatursa) intensificou o volume de convênios e contratos para realização de eventos desde que o seu diretor responsável, Diogo Medrado, trocou o trabalho técnico da pasta pela coordenação da campanha de Jerônimo (PT) ao governo do Estado. Em pouco mais de um mês (26 de agosto a 29 de setembro), a Bahiatursa torrou R$ 23 milhões, o que equivale ao orçamento disponível para o ano inteiro. A verba foi aplicada majoritariamente nas cidades onde Jerônimo fez ato político eleitoral.>
Descaminhos da Bahiatursa II Mas o que chama a atenção mesmo é que muitos contratos foram firmados com empresas cuja atividade fim são tudo, menos eventos. É o caso da MF Serviços de Apoio Administrativo e da Fenix GRS Coleta de Resíduos. Não custa lembrar que antes de desembarcar na campanha de Jerônimo, Diogo Medrado empenhou contratos para festas de São João que passaram de R$ 100 milhões, valor quatro vezes maior do que tinha em caixa. Para piorar, na última semana o governo publicou uma errata alterando valores para o dobro do previsto.>
Estranho no ninho Tomaram conta de grupos de WhatsApp bolsonaristas vídeos e textos que colocam em dúvida a lealdade do deputado João Roma (PL) ao presidente Jair Bolsonaro. Lembram do histórico de densidade de Roma, inclusive quando, por muitas vezes, fez críticas ao presidente, e comparam o ex-ministro com outros nomes que abandonaram o presidente, como a deputada Joice Hasselmann. Se soma a isso as queixas de candidatos do PL, que reclamam da priorização dos aliados mais próximos de Roma na distribuição de recursos do partido.>
Jogo combinado I A insatisfação dos bolsonaristas cresceu após o debate da TV Bahia na última terça-feira, quando ficou claro o ‘jogo de comadres’ entre Roma e Jerônimo. Um candidato, fã de primeira hora do presidente, não escondeu sua irritação com o desempenho de Roma, que elegeu ACM Neto como seu principal alvo e não atacou Jerônimo, e não poupou críticas ao ex-ministro. “Não falou dos respiradores, não falou da Fonte Nova, não falou do apartamento de Rui. Foi pra lá pra que? Pra brincar de amigo de esquerdista?”, bradou, com um amigo. >
Jogo combinado II Seguidores influentes do presidente na Bahia, inclusive, culpam Roma pelo fraco desempenho de Bolsonaro nas pesquisas no estado. Dizem que o presidente vai sair da eleição menor do que entrou na Bahia, porque Roma, além de não defender Bolsonaro e atacar o PT, “resolveu se aliar ao inimigo”.>