'A família está aos pedaços', diz primo de empresário assassinado por Iuri Sheik

Parentes acreditam que digital influencer cometeu crime por inveja: 'pessoa vazia'

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  • Gabriel Amorim

Publicado em 27 de junho de 2019 às 18:07

- Atualizado há um ano

. Crédito: Gabriel Amorim/CORREIO

A capela 5 do Cemitério Bosque da Paz, na região de Nova Brasília, ficou pequena diante da quantidade de parentes e amigos que fizeram questão de se despedir do empresário Willian Oliveira, 28 anos, que  morreu na última quarta-feira (26), depois de levar um tiro durante uma festa em Santo Antônio de Jesus, no dia 23. O autor dos disparos, o empresário e digital influencer Iuri Santos Abrão, conhecido como Iuri Sheik, confessou o crime à polícia nesta quinta-feira (27).

Por volta de 14h, depois de alguns discursos emocionados, o caixão com  o corpo do empresário começou a ser levado para o sepultamento. O carrinho que levaria o corpo até a sepultura foi dispensado por amigos e parentes, que fizeram questão de, juntos, carregar o corpo até o local onde seria enterrado. Vestindo branco, a multidão acompanhou o cortejo, que contou com aplausos e queima de fogos.

No momento em que o caixão foi enterrado, a emoção tomou conta de quem tinha um convívio mais próximo com o empresário. “Meu Deus, Will!", "Volta Willian, isso dói tanto”, diziam os parentes enquanto viam o caixão ser enterrado. Muito abalados, os mais próximos vestiam uma camisa com o rosto da vítima, com a frase “Aqueles que amamos nunca morrem, apenas partem antes de nós. Deus um dia nos colocará juntos novamente”.

Um dos poucos familiares que aceitou conversar com a imprensa, o primo de Willian, o analista Anderson Martins, 21, disse que a família está chocada e fragilizada com a morte inesperada de Willian.“A família está aos pedaços. Estou tendo que ser forte. Ele era um irmão para mim, me escolheu pra ser padrinho da filha dele. Foi a missão que ele me passou. Eu vou levar muito a sério, assim como ele levava a vida dele e as filhas”, conta ele, padrinho da filha mais nova da vítima, que tem apenas 40 dias de vida.Além da filha recém-nascida, Willian deixa outras duas meninas, de 10 e 8 anos. Anderson conta que a relação do empresário com as filhas era algo que chamava atenção da família. “Com esse acontecimento eu entendo que o convite para ser padrinho também seja uma missão, para manter a nossa família unida.  As meninas têm uma ligação muito grande com ele, mesmo sendo tão pequenas. Ele era muito correto, íntegro, tinha princípios”, conta. 

Ele disse ainda que acredita que o primo foi assassinado por inveja. “Eu acredito na inveja. Iuri é uma pessoa muito vazia. Eles tinham amigos em comum e foi por isso que Iuri foi tentar conversar, cumprimentar, e meu primo, muito autêntico, se recusou”, acredita Anderson.

William foi baleado por se recusar a cumprimentar Iuri Sheik, segundo o delegado Edilson Magalhães, que investiga o caso. “Todos ouvidos até agora contam que Iuri estendeu a mão e William disse: ‘não vou dar a mão porque não gosto de você’. Então, Iuri foi no carro, pegou a arma e atirou”, contou.

Abalada, uma amiga da vítima, que convive com ele há mais de 10 anos e preferiu não ser identificada, disse que o empresário era uma figura bastante querida nos bairros de Cabula e Fazenda Grande. “Ele sempre foi muito íntegro, alegre e carinhoso, principalmente com as filhas”, disse a jovem.

Outra amiga, que também preferiu não se identificar, disse que estava com a vítima momentos antes do crime. Ela conta que o empresário estava feliz antes de ser assassinado. “A gente ia comer um feijão na casa onde eu estava hospedada, ficamos brincando. Acabei indo embora da festa antes ele e acordei no outro dia com a notícia”, lamenta.  Iuri Sheik confessou ter atirado em Will (Fotos: Reprodução) Indenização Advogado da família, Gabriel Bonfim explicou que a versão conhecida pela família é a contada pelas testemunhas, que foram ouvidas pelo delegado responsável pela investigação. Todos narraram que Iuri teria efetuado os disparos após Will ter se recusado a cumprimentá-lo. 

“Não tem motivo, tem muita especulação. As pessoas falam muito, mas os amigos dizem que não havia motivo nenhum, foi realmente fútil”, explica.

O profissional disse ainda que a família deve buscar uma indenização no âmbito civil para amparar as filhas que o empresário deixou. “Na parte cível, indenização por ele ter deixado três filhas. Uma delas tem sofrido bastante com o fato. Nós estamos cuidando dessa parte, do amparo a família. É um momento muito difícil e nós estamos focados em blindar e proteger a família”, explica ele, que vai acompanhar, também, a instrução criminal que está sendo conduzida pela polícia.

* Com supervisão do chefe de reportagem Jorge Gauthier