A indústria quer mais

Confira artigo de Ricardo Alban, presidente da Fieb

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  • Da Redação

Publicado em 25 de maio de 2021 às 06:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Valter Pontes

O setor industrial baiano tem enfrentado sucessivas crises e dificuldades crescentes, há pelo menos uma década, que o levaram a reduzir expressivamente sua fatia na economia estadual. Uma rápida conferência nos índices de participação da indústria no Valor Adicionado Bruto do Estado da Bahia é reveladora: passou de 27,1% em 2010 para 21,5% em 2018 – este é o último dado disponível de conta regional do IBGE. Uma redução de 5,6 pontos percentuais em apenas oito anos.

Esse processo fica evidenciado também por notícias de encerramento de atividades de plantas industriais, a exemplo do Complexo da Ford, no início deste ano. Fato que está comprometendo os números da indústria baiana, que registrou queda de 19% na produção industrial, segundo dados da Pesquisa Industrial Mensal – Produção Física, do IBGE.

A perda de dinamismo no setor industrial explica parte importante do baixo desempenho da economia baiana. Nos últimos dez anos (2011 a 2020), o PIB da Bahia encolheu em termos reais. Enquanto a economia brasileira registrou desempenho ruim, com crescimento acumulado de apenas 2,7%, a Bahia decresceu 1,3% na última década.

Importante destacar que a indústria é o setor dinâmico das economias, pois seu desenvolvimento impulsiona os outros setores, demandando, por exemplo, serviços sofisticados na área de pesquisa, desenvolvimento e inovação, para os quais o Sistema FIEB tem orgulho de contribuir, por meio do SENAI Cimatec. Além disso, é preciso abrir os olhos para o fato de que, por trás do excelente desempenho do agronegócio do Brasil e da Bahia, há muito trabalho do setor industrial no campo dos fertilizantes, dos sistemas de irrigação, dos defensivos e das cada vez mais sofisticadas máquinas agrícolas.

Por sua clara importância para a economia, o setor industrial merece mais atenção e ação. É vital que a Bahia se torne um ambiente mais atrativo aos negócios, que estimule o empreendedor e a iniciativa privada. No curto prazo, isso passa por um programa de desburocratização, aumento de eficiência da máquina pública e agressividade na política de incentivos fiscais.

Em termos estruturais, precisamos melhorar significativamente os indicadores educacionais do estado, viabilizar os necessários projetos de infraestrutura, como logística, suprimento de energia e água, internet banda larga e telefonia 4G e 5G, entre outros, e estimular investimentos em pesquisa, desenvolvimento e inovação. É através do estímulo aos empreendedores e aos investimentos que se combate a informalidade e o desemprego, melhorando, consequentemente, as condições de vida da população.

Entendemos que a economia da Bahia, inclusive o setor industrial, pode ter desempenho muito melhor. Nosso estado possui um potencial econômico invejável, com muitas riquezas minerais, amplo território agriculturável, recursos hídricos, maior litoral do país, atrativos turísticos e culturais, entre tantas outras coisas. Mas, também temos muitas fragilidades e desafios a superar. Para tanto, o primeiro e mais importante passo é reconhecer esses problemas e lembrar que o investimento nas pessoas é a base de todo e qualquer exemplo bem-sucedido de desenvolvimento socioeconômico.

O Indústria Forte é uma realização do Correio, com o patrocínio da CF Refrigeração, Jotagê Engenharia, Unipar, Tronox, Bracell, o apoio da AJL Locadora, Wilson Sons, Sotero Ambiental, Larco, SINDIMIBA e o apoio institucional da FIEB e Prefeitura de Camaçari.

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