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Da Redação
Publicado em 16 de fevereiro de 2022 às 05:15
- Atualizado há um ano
Em artigo publicado na Folha, no último dia 31, o empresário e ex-presidente da Confederação Nacional do Transporte, Clésio Andrade, argumenta objetivamente sobre o risco das commodities, para países como o Brasil, diante da crescente autossuficiência da China. Como destaca o autor: “Cada movimento que a China faz gera uma onda que atinge a economia global. Para o Brasil, qualquer mudança nas importações chinesas pode se tornar um tsunami”.
Enquanto a China caminha firmemente, com planejamento e arrojo, levando a sua economia ao segundo lugar do ranking das maiores do mundo – deve ultrapassar os Estados Unidos entre 2027 e 2028, segundo estimativas –, o Brasil patina nos requisitos básicos da competitividade.
De vários ângulos que se olhe, a China não se furta ao protagonismo, acelerando a sua economia em busca de hegemonia. Seja na mineração, agricultura ou infraestrutura. Faz todo sentido a afirmação de Clésio Andrade de que “a China está criando condições para plantar, minerar e produzir o que quiser e transportar tudo em ferrovias moderníssimas a uma velocidade média de 300 km/h”.
Aos argumentos apresentados pelo autor em seu artigo, intitulado “O risco das commodities”, acrescento considerações para reflexão.
A China tem investido em compra de terras na Namíbia, Zimbábue e no Golfo da Guiné. São terras chinesas controladas por chineses, em países aliados da China, (países-clientes, talvez?). Uma clara demonstração de que levam segurança alimentar a sério.
Associem à compra de terras na África os pesados investimentos planejados na nova rota da seda, integrando a África Subsaariana com terras boas, sol, água, excelente infraestrutura logística (que não temos) e a proximidade com a China. A África, sem dúvida, será um grande exportador de alimentos e minerais. Acrescentem o enorme potencial de energias renováveis e a exploração do tão desejado hidrogênio verde (H2V).
Pensem nas grandes reservas que a China possui de minerais especiais, inclusive de terras raras. Ou seja, minério de ferro pode vir a ser a commodity das commodities.
Se o Brasil continuar nessa dependência excessiva de commodities, sofreremos com a Deterioração de Termos de Trocas e, possivelmente, com a “doença holandesa” (quando o aumento da receita com a exportação de recursos naturais valoriza demais a moeda local e leva à desindustrialização do setor manufatureiro, que fica menos competitivo em relação aos produtos externos).
Dito isto, estou convicto de que não há outro caminho senão o investimento pesado na indústria.
A verdade é que precisamos vencer essa obsessão pela agricultura e mineração (sem processamento) e a miopia que atrapalha a visão de longo prazo neste país. Não devemos, e não podemos, nos acomodar com a atual pauta de exportação. Isso vai nos destruir lá na frente.
Ricardo Alban é presidente da Federação das Indústrias do Estado da Bahia