A pesquisa Mandrake, o café frio na Governadoria, Otto desanimado e Leão revigorado

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  • Da Redação

Publicado em 18 de março de 2022 às 11:27

- Atualizado há um ano

. Crédito: Reprodução

Pesquisa Turbinada  Um alto figurão do Palácio de Ondina tem constrangido veículos de comunicação da capital com uma demanda inusitada. O “pedido” é que contratem um instituto desconhecido para publicar pesquisas de opinião de voto turbinando o candidato do PT, Jerônimo Rodrigues. Alguns veículos, mesmo com medo de represálias, negaram. Argumentaram que seria melhor esperar o candidato ficar mais conhecido para depois fazer a pesquisa. “Em qualquer instituto sério, Jerônimo não pode aparecer com mais de 3% de intenção de votos. Quase ninguém ouviu falar dele na Bahia”, revela uma fonte sob pedido de anonimato.

Desânimo Pessoas próximas ao senador Otto Alencar (PSD) revelaram que o cacique anda bastante desanimado em meio ao tsunami ocorrido na base do PT na Bahia nas últimas semanas, que resultou inclusive no desembarque do PP. Lideranças que estiveram com o senador recentemente contaram que ele está “flagrantemente cabisbaixo” e tem andado econômico nas palavras. 

O motivo O desânimo, dizem integrantes do PSD, ocorre em função do desmonte da base, resultando na saída do PP. O senador também estaria insatisfeito com a condução do processo de escolha do candidato a governador pelo PT. A avaliação no PSD é que Jerônimo não é um nome forte e, mesmo contando com o “up” de Lula, pode até se tornar um candidato viável, mas não competitivo. 

Revigorado Por outro lado, tem surpreendido a animação do vice-governador João Leão (PP) após migrar para o grupo de ACM Neto e anunciar que vai disputar o Senado. Integrantes do PP dizem que, depois de receber o aviso de que não iria assumir o governo, Leão ficou muito abatido. Mas a nova empreitada política deu uma sobrevida ao vice, que voltou a contar piadas e, nas conversas com aliados próximos, tem demonstrado motivação para ser eleito senador. "Otto que se cuide", disse um pepista que esteve ontem no anúncio da aliança entre União Brasil e PP. 

Satisfação Na coletiva de imprensa, os deputados estaduais e federais e prefeitos do PP não esconderam a satisfação com a formalização da aliança com o grupo de ACM Neto. Alguns deles, principalmente os federais, já vinham defendendo a mudança há tempos. Os estaduais tinham mais resistência devido aos cargos, mas também andavam insatisfeitos e reclamavam constantemente do desprestígio do PP na base governista. Entre os prefeitos, marcaram presença Zé Cocá (Jequié), Dr. Pitágoras (Candeias) e Marcelo Pedreira (Governador Mangabeira). 

Ingratidão? Saiu pela culatra o tiro dado por Rui Costa (PT) ao sugerir ingratidão do vice-governador João Leão (PP), que decidiu marchar com o grupo de ACM Neto e ser candidato a senador. “O povo vai julgar o que é gratidão e o que é ingratidão. O povo vai julgar quem mudou a camisa do time aos 45 minutos do segundo tempo e quem não mudou”, afirmou o governador. A declaração foi encarada como “rancorosa e desmedida”. Além disso, parlamentares disseram que é mais uma “estratégia tabajara” de Rui para jogar no colo de Leão a culpa pelos erros políticos do próprio governador. “O PT que fez o acordo e não cumpriu”, disse um parlamentar. 

Café frio A contagem regressiva para o fim do governo de Rui Costa já começou, e até o café já começa a ser servido frio na Governadoria. Assessores já não obedecem como antigamente e antigos aliados ameaçam se rebelar. A canção entoada pelas bandas do CAB é 'nada do que foi será de novo do jeito que já foi um dia'. 

Subiu pra cabeça Depois de implodir o arco de alianças do PT e se afastar do senador Jaques Wagner, o governador Rui Costa parece ter sido picado pela mosca da soberba. Em entrevista à imprensa ontem, ele disse que o secretário da Educação Jerônimo Rodrigues, escolhido do PT para a disputa pelo governo, é o novo Rui, como ele próprio, o governador, fosse sinônimo de algo celestial. Calma lá, Rui!

Crise dos vermelhos Na base aliada ao PT, a ala mais radical à esquerda, inclusive dentro do próprio partido de Rui e Wagner, não está nada satisfeita com a escolha de Jerônimo Rodrigues. A questão, dizem parlamentares, é que Rui Costa se tornou uma “pessoa completamente desprestigiada” no arco de alianças, principalmente neste grupo mais à esquerda, e o secretário da Educação é muito ligado ao governador. “A verdade é que ninguém quer um novo Rui, e Jerônimo já mostrou que tem um perfil parecido no trato com os aliados”, contou um deputado. 

Desespero no varejo Após o desmonte da base aliada, o governador Rui Costa tem tentado correr atrás do prejuízo e busca aliados que hoje estão com ACM Neto. Fontes ouvidas pela coluna revelaram que “estão oferecendo tudo e mais um pouco”. Contudo, as propostas têm sido recusadas e são consideradas “atos desesperados” do governador. Os espaços antes ocupados pelo PP já estão na mesa, mas parecem não despertar o interesse dos caciques. 

Forçando a barra Rui tem também, contam deputados, tentado mudar o trato com prefeitos. Em conversas com gestores municipais, o governador “tem feito um esforço” para ser minimamente simpático e até ouvir os pleitos dos aliados. “O problema é que foram sete anos de desprestígio. Rui ia nas cidades e mal falava com o prefeito, pior ainda se fosse da oposição. Às vezes, nem mesmo nós deputados da base éramos chamados quando ele ia aos municípios”, disse um parlamentar. “Agora, porque está em ano eleitoral, ele tenta se aproximar”, criticou. 

Cadê Wagner? Tem causado estranheza o silêncio do senador Jaques Wagner após o rompimento de João Leão com o grupo governista. Na base petista, deputados dizem que Wagner “soltou a bomba e deixou a explosão nas mãos de Rui Costa”. Explicando: foi Wagner quem anunciou, na rádio Metrópole, que Rui não seria candidato a senador e, consequentemente, Leão não assumiria o governo. Este foi considerado o estopim do rompimento.

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