A prioridade do dinheiro

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  • Da Redação

Publicado em 17 de agosto de 2019 às 05:00

- Atualizado há um ano

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Durou mais ou menos uns dez dias a conversa de que o italiano Mario Balotelli poderia vir jogar no Flamengo. Na quinta-feira, depois de duas reuniões em Mônaco, o clube informou que negociação miou. Segue o jogo.

Nesse meio de caminho, trocentos comentaristas opinaram sobre o assunto e sei lá quantas “reportagens” mostraram a opinião de jogadores do time sobre a eventual chegada deste novo companheiro.

Agora, o que não vi em lugar nenhum – mas posso estar enganado, é claro – foi o seguinte questionamento, tão objetivo quanto realista: pra que porra o Flamengo queria contratar Mario Balotelli?!

Qualquer pessoa que acompanha minimamente futebol internacional sabe que o jogador surgiu (na visão de muitos torcedores e jornalistas) como uma grande revelação, um jovem vulcão com personalidade difícil de domar, mas com força e capacidade técnica para tomar conta do comando de ataque da seleção italiana por anos. 

Entre carrões esportivos de montadoras famosas, chutes fortes, expulsões, um golaço aqui e outro ali, festas intermináveis no verão europeu, mudanças de clube e discussões com treinadores, os anos passaram e a promessa Balotelli agora tem (ou tinha) propostas do Flamengo e do... glorioso Brescia.

Não estou dizendo que Balotelli é um jogador ruim. Ou que não poderia fazer muitos gols no Campeonato Brasileiro e na Copa Libertadores. O que me pergunto é se vale a pena gastar uma nota num cara que, em termos futebolísticos, já provou por a mais b que não é e nunca chegará perto de ser tudo aquilo se vislumbrou.

Na Europa, nenhum grande clube cogita levar Balotelli ao elenco. Até outro dia ele jogava na França, mas agora está (ou estava até ontem) oficialmente desempregado.

Em 2018, o atacante foi convocado pela seleção italiana depois de três anos longe das listas. Deu em quê? Terminou cortado porque estava 15 quilos acima do peso. Não é que ele estava fora de forma, como pode ocorrer a qualquer um. Eram 15 quilos.

Este ano, o treinador Roberto Mancini nem o chamou, afirmando claramente que Balotelli não está mais tão pesado quanto em 2018, mas ainda não estaria na forma adequada para defender a seleção – e olhe que ele estava atuando regularmente.

Vá lá que o Flamengo anda esbanjando dinheiro de uns tempos pra cá, contratando gente a peso de ouro, a começar pelo treinador português. Mas, ainda assim, vale a pena esse tipo de investimento? Não existem atacantes mais jovens e melhores que Balotelli no Brasil? Os dirigentes precisaram ir até Mônaco pra desistir da contratação?

Alguém pode argumentar que uma contratação como essa geraria (mais) mídia para o Flamengo, trazendo retornos financeiros, por exemplo, com maior presença do clube na imprensa internacional.

Se a ideia é mesmo essa – e os títulos relevantes ficarem somente no cheiro, mesmo com a derrama de dinheiro -, a alcunha de Flamídia fará ainda mais sentido.

E por falar em derrama de dinheiro, sempre vale fazer um outro questionamento: as famílias dos jovens que morreram incinerados no Ninho do Urubu já foram devidamente indenizadas? Alguém aí saberia responder?

Pelo menos perguntar é de graça.

Victor Uchôa é jornalista e escreve aos sábados