A Seleção Brasileira não tem um craque

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Publicado em 20 de junho de 2019 às 05:00

- Atualizado há um ano

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O brasileiro tem uma bipolaridade impressionante ao analisar futebol, como diz o jornalista inglês Tim Vickery, correspondente da BBC que reside no Brasil. Até a Copa do Mundo, Tite era um gênio das táticas futebolísticas. Após a eliminação na Rússia, o olhar sobre o treinador mudou, a paciência acabou. E anteontem, após o empate por 0x0 com a Venezuela na Fonte Nova, Tite já era um treinador pouco criativo e refém das próprias convicções, afinal, a Seleção não conseguiu ganhar de um adversário que, por mais que tenha evoluído, historicamente é um freguês.

Nem tanto, nem tão pouco. Primeiro que, mesmo com a teimosia de Tite e a inexplicável colocação de Fernandinho em campo àquela altura do jogo, é um erro dar ao treinador o peso que se dá na análise dos resultados de uma equipe que tem 11 protagonistas em campo, enquanto ele, o técnico, é um só, fica do lado de fora e há um mundo de possibilidades entre a mensagem transmitida e a jogada executada. Mas o caso aqui não é defender Tite; é analisar a Seleção.

É verdade que os três atacantes são ótimos jogadores. Um centroavante campeão da Champions League, um ponta-esquerda semifinalista, um ponta-direita que não tremeu na disputada Premier League e, na Seleção, conquistou seu lugar aproveitando as oportunidades que lhe foram dadas nesse momento de renovação do elenco. Firmino, David Neres e Richarlison, respectivamente.

É verdade também que nenhum dos três dá medo em zagueiro adversário. É um ataque “de clube”, que impressiona mais no videogame que na vida real, e, como tal, não há rival que perca o sono na noite anterior pensando como vai fazer pra parar um deles.

Este é o problema da Seleção na Copa América: falta um jogador fora de série. Sem Neymar, o Brasil desce um patamar. E olha que o camisa 10 está muito abaixo de gênios das últimas décadas como Ronaldo e Romário, mas é craque.

A dificuldade do Brasil em superar a Venezuela foi reflexo do que é a Seleção atualmente. O coletivo funciona, pois taticamente a equipe é muito organizada. Porém, diante de um rival que jogou todo o segundo tempo disposto somente a não tomar gol e se retrancou no campo de defesa, faltou talento para decidir no brilho individual.

Foi o que Everton “Cebolinha” tentou fazer e quase conseguiu. O time melhorou após a entrada dele porque colocou uma dose de ousadia onde havia muito pragmatismo. O atacante do Grêmio driblou, tabelou, chutou, fez o que pôde para desbloquear o caminho repleto de venezuelanos. Somando a meia hora na Fonte Nova mais os 13 minutos que jogou na estreia, Everton já faz por merecer a posição de titular no terceiro jogo da primeira fase, sábado, contra o Peru.

Reaprendendo a torcer Novidade no futebol brasileiro a partir deste ano, o VAR força o torcedor a reaprender a comemorar um gol. Ou, por prudência, a não comemorar. Pular na arquibancada antes do árbitro tirar a mão do ouvido é como um coito interrompido. O manual do VAR recomenda levantar, roer as unhas, cruzar os dedos, aguardar o gesto da telinha e, depois de uns dois minutos, extravasar ou não. É para o bem do futebol, mas que dá uma sensação estranha, dá.

Herbem Gramacho é editor de Esporte e escreve às quintas-feiras