A torcida do Bahia amadureceu

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  • Miro Palma

Publicado em 19 de julho de 2019 às 05:00

- Atualizado há um ano

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Foi duro. Diante de um recorde de público em uma partida entre clubes na Fonte Nova – 46.341 pagantes –, ver o Bahia ser eliminado mais uma vez nas quartas de final da Copa do Brasil foi doloroso para o torcedor. O time não jogou bem. A estratégia em apostar nos contra-ataques, que até então estava sendo muito eficaz, dessa vez foi por água abaixo. O Grêmio, por sua vez, aprendeu a lição e não deu nenhuma brecha. Até a marcação do tricolor baiano, sempre muito elogiada, teve seu dia de infortúnio. Com isso, o resultado não poderia ter sido outro dentro de campo, infelizmente: 1x0 para os gaúchos. 

No entanto, das arquibancadas veio o inusitado: uma salva de palmas para os jogadores derrotados. Claro que teve indignação, teve xingamento, teve frustração com a perda da tão sonhada e inédita vaga na semifinal da competição. Porém, foram as palmas que se sobressaíram após o apito final. Que, prontamente, foram retribuídas pelos atletas. E lá estavam, um diante do outro, clube e torcida, compartilhando um gesto de gratidão. Esse momento me fez refletir o quanto todo o processo de transformação que o Bahia vem passando nos últimos seis anos tem interferido diretamente em seus torcedores. 

Eu poderia falar somente de números que, óbvio, já seriam argumentos suficientes. Afinal, lá atrás, em 2013, quando foi resgatado das trevas, o Esquadrão reunia cerca de 300 sócios adimplentes. E, anteontem, o clube comemorou a marca de 40 mil sócios. Mas não é só isso. A mudança da relação entre a torcida e o clube vai muito além de dados. É de um amadurecimento que eu quero falar. E que, diante do Grêmio, ficou explícito na Fonte Nova. 

E não somente com as palmas. O que vi, de dentro do estádio, foram majoritariamente torcedores conscientes. Criticando as falhas da partida sem caça às bruxas. Talvez, um dos benefícios mais importantes da democratização do Bahia para esse tal amadurecimento de que falo tenha sido a maior transparência sobre o que acontece dentro clube. Deu ao torcedor não só compreensão, mas confiança e, principalmente, paciência.

O futebol moderno é dominado pelo resultado. O que, muitas vezes, ofusca outros fatores tão importantes quanto. E é muito comum vermos torcidas sendo levadas por essa cortina de fumaça. No entanto, o resultado dentro de campo só é sólido se, nos bastidores, a gestão estiver saudável. Não precisamos ir muito longe para ver o que uma sucessão de más gestões pode causar a um clube: algumas vitórias no início, acrescidas de um imenso desastre. E é justamente nesse equilíbrio entre paixão e consciência que tenho visto na torcida tricolor, que mora a minha reflexão.

Mesmo diante de uma derrota tão amarga como foi a contra o Grêmio, o torcedor do Bahia não perdeu o ânimo. E não o fez porque, ao longo dos últimos anos, compreendeu a importância dos passos que vêm sendo dados também fora de campo. E de como a estabilidade é o único caminho para triunfos como esse, perdido, e tantos outros que almeja. Compreendeu que o grito guardado, lá na frente pode ecoar ainda mais alto.

Miro Palma é subeditor de Esporte e escreve às sextas-feiras