'A vacina nunca vinha', diz à CPI sobrevivente da covid que perdeu seis parentes

"Faltou o trabalho do governo, que deveria ser mais sério", disse mulher que perdeu pais

Publicado em 18 de outubro de 2021 às 15:45

- Atualizado há 10 meses

. Crédito: Pedro França/Agência Senado

Em tratamento com graves sequelas após ter contraído covid, o depoente Arquivaldo Bites Leão Leite relatou à CPI ter perdido seis integrantes de sua família para a doença. Primeiro, dois de seus primos faleceram. Depois, um tio, um irmão e dois sobrinhos "A vacina nunca vinha", lamentou. Segundo Arquivaldo, a morte de seu irmão levou sua família a ser ativa em protestos contra o presidente Jair Bolsonaro. Ele diz que um de seus parentes chegou a ser preso por levar, em seu carro, uma faixa com os dizeres "Bolsonaro genocida". Enquanto estava acometido pela covid, Arquivaldo sofreu um derrame e perdeu a audição de um dos ouvidos. Hoje, ele tem o equilíbrio comprometido e caminha com o auxílio de um andador. "Estou aqui hoje porque tive a oportunidade de tomar a vacina, enquanto meu irmão e outras 600 mil pessoas não tiveram", disse O depoente também fez críticas ao presidente Jair Bolsonaro, disse estar certo de que o mandatário cometeu um "genocídio premeditado" e lamentou que o chefe do Executivo tenha causado aglomerações e desestimulado o uso de máscaras.Leia também

 

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'Fiz do meu luto uma luta', diz mulher que perdeu pai e mãe para covid Katia Shirlene Castilho dos Santos, a terceira a depor nesta segunda-feira, 18, à CPI da Covid, detalhou aos senadores como foi perder o pai e mãe para a covid-19. "Fiz do meu luto uma luta", disse. "Faltou o trabalho do governo, que deveria ser mais sério", avaliou no início da fala. Ela contou que o pai contraiu a doença uma semana antes de poder se vacinar, em março deste ano. Ele faleceu enquanto a mãe de Katia estava internada, em São Paulo, em hospital da rede Prevent Senior. "Ele não teve nenhuma despedida digna e isso aconteceu com muitos brasileiros", disse ela após relatar que a irmã precisou auxiliar um funcionário da funerária a colocar o corpo do pai dentro do caixão. "Era tanto corpo que ela teve que colocar", relembrou, emocionada. A mãe de Katia, uma idosa de 71 anos, foi tratada com o chamado "kit covid" após ser atendida por teleconsulta. "Não fizeram nenhum exame e acabaram mandando o kit covid", disse. A mãe era associada à Prevent há 15 anos. "Como você vai falar para uma idosa de 71 anos que confia no convênio, que aquele remédio que o médico mandou para ela, para cuidar dela, não estaria fazendo nada?", questionou ela sobre o tratamento sem eficácia.