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Da Redação
Publicado em 12 de junho de 2019 às 14:00
- Atualizado há um ano
A vida anda corrida. As cobranças aumentaram, a quantidade de informação se multiplica e a moda é alcançar um estereótipo de felicidade. Com todas essas demandas, o fenômeno da explosão dos transtornos alimentares vem tomando grandes proporções. A imagem do corpo perfeito tem sido vinculada ao ideal de “sucesso” e “qualidade de vida”. A marmita transformou-se em instrumento “vital” e, muitas vezes, o frango com batata doce e os suplementos limitam a interação social e o convívio familiar. O imprescindível é manter a balança equilibrada e saciar as expectativas da vida nas redes sociais. Saborear a torta da avó tornou-se démodé e, certamente, será taxado como “gordice”.
Por falar extraordinário mundo das redes sociais, o corpo imaginário (supostamente perfeito) é marcado por likes, curtidas e comentários. Logo, atingir esse sonhado corpo passa a ser essencial para ser aceito. Surgem as mais diversas dietas para acolher essas necessidades; low carb, jejum intermitente, dieta paleolítica, etc. Caso as dietas falhem, ainda temos o mágico recurso do photoshop (o importante é parecer perfeito!).
Por outro lado, temos visto o extremo oposto, no qual a ansiedade e a angústia vem sendo preenchidas pelo abuso do fastfood. A dificuldade em lidar com as dores emocionais é substituída pelo consumo desenfreado de alimentos ricos em açúcares, gorduras e sal, como hamburgueres, pizzas, refrigerante, brigadeiro e... solidão. A consumação solitária e escondida de guloseimas pode ser interpretada, também, como uma compulsão do entendimento interior, no intuito de evitar o sentimento de “vazio” interior. Neste contexto, quando não se aprende a lidar com essas dores, muitas vezes a solução passa a ser o imediatismo das cirurgias, medicações, shakes e dietas milagrosas.
Talvez seja preciso repensar o que é essencial, enquanto sociedade, e qual a real falta que nos falta. É importante compreender o que se busca com os likes e o que se pretende ganhar com as curtidas. Por que temos nos preenchido tanto com aparências e, consequentemente, com as compulsões? Qual o papel da família, do meio social, diante desse problema? O que está por detrás desses vazios?
O caminho do autoconhecimento, da aceitação de si mesmo e da conscientização sobre modelos idealizados inalcançáveis parece ser o único caminho para a real satisfação pessoal. Na maioria das vezes, trilhar esse percurso é um processo doloroso, com várias pedras a serem retiradas e, muitas vezes, algumas delas permanecerão ali, cabendo ao indivíduo aprender a conviver com elas. Em outras, a ajuda externa da família ou de um profissional especializado faz-se necessária, contribuindo para que a pessoa não caia no círculo vicioso dos comportamentos compulsivos. Esse é sempre um caminho mais longo; porém, sustentável e real.
Camila Coutinho é psiquiatra da clínica Holiste
Opiniões e conceitos expressos nos artigos são de responsabilidade dos autores