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Gabriel Rodrigues
Publicado em 28 de julho de 2022 às 05:00
O Bahia está próximo de dar um passo importante no imbróglio envolvendo o Banco Opportunity, antigo investidor do Esquadrão. Nesta quinta-feira (28), o Conselho Deliberativo tricolor analisará e votará o acordo proposto entre clube e instituição financeira para colocar fim no processo existente entre as partes.>
Segundo apuração do CORREIO, no acordo o Bahia pagará ao Opportunity R$ 35 milhões divididos em 84 parcelas mensais, o que totaliza sete anos para a quitação da dívida.>
O Opportunity cobra na Justiça cerca de R$ 114 milhões do Esquadrão referente ao distrato do Bahia S/A realizado em 2006, durante a gestão do então presidente Petrônio Barradas.>
Com a negociação, o Esquadrão conseguiu abatimento de R$ 79 milhões, o que representa quase 70% de desconto no valor cobrado.>
Além do pagamento das parcelas mensais, fica estabelecido que caso o Bahia negocie direitos de transmissão, direitos de atletas ou se aderir a uma liga durante esses sete anos, repassará ao Opportunity percentuais do valor de cada contrato para amortizar a dívida. Esses percentuais variam de 5% a 15%, a depender do tipo de contrato assinado.>
O acordo entre Bahia e Opportunity foi enviado inicialmente ao Conselho Fiscal do clube, que emitiu parecer. As comissões Jurídica e de Administração e Finanças do Conselho também foram consultadas.>
O processo entre Bahia e Banco Opportunity é considerado pela diretoria o último entrave para a oficialização da proposta de Sociedade Anônima do Futebol (SAF) do clube. O tricolor está em negociação avançada com o Grupo City, e a expectativa é que após a resolução do imbróglio, a diretoria encabeçada pelo presidente Guilherme Bellintani leve ao Conselho Deliberativo a oferta de compra feita pelo fundo árabe.>
“Estamos em um empecilho formal que estamos perto de resolver. Após resolver isso, em dias a gente consegue formalizar a proposta. É a proposta que o parceiro e o Bahia construíram juntos, por isso demorou tanto. Tem um representante do nosso potencial investidor aqui no Brasil trabalhando", explicou Bellintani em entrevista ao Podcast do InfoBahêa, no início do mês.>
Apesar do dirigente falar “em dias”, não significa que, aprovando o acordo com o Opportunity hoje, o Bahia já constituirá uma SAF na próxima semana, por exemplo. Isso dependerá de outra consulta ao Conselho Deliberativo e, posteriormente, da aprovação dos sócios em assembleia geral. Mas é seguro considerar que deve ocorrer ainda este ano.>
Entenda o caso A disputa judicial entre Bahia e Opportunity teve início em 2016. Dez anos antes, em 2006, durante a gestão Petrônio Barradas, o tricolor fez um acordo para reaver as ações do Bahia S/A – o banco detinha 51%. O clube se comprometeu a repassar ao banco porcentagem da venda de atletas, sendo 10% em 2007, 20% em 2008 e 30% entre 2009 e 2023. O que nunca aconteceu.>
Além disso, o Esquadrão possuía uma dívida de R$ 13,5 milhões com o então parceiro no momento do distrato, que também não foi paga. De acordo com uma comissão do próprio Bahia, esse valor corrigido ultrapassaria os R$ 35 milhões – valor do acordo que será votado hoje. Nos R$ 114 milhões pedidos pelo Opportunity, o banco inclui também valores corrigidos das porcentagens das vendas de jogadores realizadas pelo clube.>
A parceria entre Bahia e Banco Opportunity teve início em 1998, um ano depois da primeira queda do clube para a segunda divisão. No boom da formação de clubes-empresa no Brasil, o tricolor tornou-se o Bahia S/A. Através da Liga Futebol, criada apenas para administrar o Esquadrão, o Opportunity virou dono de 51% do clube. Os outros 49% continuaram com a associação Esporte Clube Bahia.>
A instituição financeira fez investimentos no início da parceria, mas em campo os resultados não aconteceram. O time não conseguiu voltar à primeira divisão nos dois primeiros anos. Só em 2000, com a criação da Copa João Havelange, o clube retornou à elite através de uma “virada de mesa”.>
Três anos depois, em 2003, o Bahia foi rebaixado novamente. Com a relação desgastada, o Opportunity se afastou do clube. Em 2006, quando a equipe já estava na Série C, o Bahia fez uma oferta para retomar o controle da S/A. Na época, grupos de oposição ameaçavam negociar com o banco a compra das ações.>