Adolescente suspeito de matar funcionário de pousada de luxo se apresenta à polícia

Marcel Silva, o Bili, foi morto no dia em que seria ouvido no inquérito que apura a morte do patrão, o empresário Leandro Silva Troesch

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  • Da Redação

Publicado em 16 de março de 2022 às 21:05

- Atualizado há um ano

. Crédito: Divulgação

Um adolescente suspeito de participar do assassinato de Marcel Silva, o Bili, funcionário da Pousada Paraíso Perdido, se apresentou à polícia nesta quarta-feira (16). A informação foi confirmada pela Delegacia de Nazaré.

Na presença de um advogado, o jovem compareceu na Delegacia de Jaguaripe, responsável pela investigação, para prestar esclarecimentos. Ele é um dos quatro suspeitos identificados de terem participado do crime. A polícia não informou se o rapaz foi detido ou liberado após a oitiva. 

Marcel foi morto no dia em que seria ouvido no inquérito que apura a morte do patrão, o empresário Leandro Silva Troesch, encontrado com um tiro na cabeça em sua pousada de luxo, um ano após sua prisão.

A Polícia Civil foi procurada pelo CORREIO para mais detalhes, mas não retornou o contato até o momento desta publicação.

Cilada 

O delegado Rafael Magalhães, titular da delegacia de Jaguaripe, disse que há a possibilidade de Bili ter sido atraído para uma cilada. A vítima dormiu uma mulher com quem a vítima dormiu momentos antes de ter sido assassinada. Segundo o delegado, a mulher foi a primeira testemunha a ser ouvida. No dia seguinte, houve a necessidade de interrogá-la mais uma vez, mas não foi localizada e até o início da manhã da última sexta (11), ela havia passado de testemunha para suspeita. 

“Ele foi à casa dessa mulher, onde passou a noite. Não sabemos ainda se ela o chamou ou se ele foi por conta própria. O que é certo é que horas depois, invadiram o local e o levaram para a rua, onde o espancaram e depois deram um tiro. O corpo estava sem roupas”, contou o delegado. 

Segundo ele, Bili não morreu por causa do tiro. “A perícia apontou que ele levou sete facadas após o disparo”, relatou. A polícia disse que há indício de que a vítima teria sido dopada. “Há sinais de que tudo isso foi possível porque Bili teria caído no ‘boa noite Cinderela’”, disse o delegado.  

Empresário morto

O empresário baiano Leandro Silva Troesch morreu com um tiro na cabeça na noite de 25 fevereiro. Ele era um dos donos da famosa Pousada Paraíso Perdido, em Jaguaripe, no Recôncavo Baiano.

De acordo com informações da Polícia Militar, Leandro foi encontrado caído e com o ferimento provocado pelo tiro dentro da própria pousada. Eles isolaram o local e acionaram o Departamento de Polícia Técnica para remoção do corpo e realização da perícia. A Polícia Civil investiga as circunstâncias da morte do empresário.

Acostumado com os holofotes e a vida glamourosa que levava na cidade de Jaguaripe, na região do Recôncavo Baiano, Leandro foi preso em fevereiro do ano passado, ao lado da companheira Shirley da Silva Figueredo. O casal estava dentro da pousada quando foi surpreendido pela polícia e, na época, a defesa lutava pela soltura, alegando prescrição do crime. Eles foram sentenciados pelos crimes de roubo e extorsão mediante sequestro contra a uma mulher em Salvador. O crime foi cometido em 2001.

Leandro e Shirley viviam uma vida normal, apesar de terem sido condenados em segunda instância pelo Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA) em 2010 a 14 e 9 anos de prisão, respectivamente, em regime fechado. Apesar disso, os dois estavam foragidos, mas viviam publicando fotos normalmente nas redes sociais. 

Após a morte de Leandro, a pousada suspendeu todas as reservas feitas para o período de Carnaval, justificando apenas que houve um "gravíssimo acidente sofrido pelo proprietário". Não há informações sobre como ficará a situação dos clientes.

Relembre o crime do casal

O CORREIO teve acesso às informações do processo que apura as acusações contra Leandro e Shirley. Outras três pessoas contam como réus. São elas: Joel Costa Duarte, Carlos Alberto Gomes de Andrade e Júlio da Silva Santos. De acordo com a Justiça, Joel abordou a vítima no dia 10 de maio de 2001, quando ela estacionava o carro na porta de casa, no bairro de Itapuã, por volta das 18h30. Eles tomaram o veículo da vítima e a mantiveram no carro enquanto eram efetuados saques de dinheiro em caixas eletrônicos. 

Ao verificar o saldo bancário da vítima, Joel arquitetou a extorsão mediante sequestro, ficando a cargo de Júlio mantê-la em cárcere privado, primeiro no Motel Le Point, em Itapuã, depois numa casa situada na Praia de Ipitanga, em Lauro de Freitas, Região Metropolitana de Salvador (RMS), alugada ao próprio Joel e a dois comparsas, neste caso, Leandro e Shirley.

Enquanto mantida em cárcere privado, a vítima foi alvo de reiteradas ameaças de morte feitas por Júlio, somente sendo liberada após o pagamento do resgate de R$ 35 mil. No processo consta que Leandro que conduziu o veículo da vítima e fez os saques. Já Shirlei, foi a responsável por buscar o pagamento do resgate.

As armas utilizadas na prática dos crimes pertenciam aos dois Joel e Júlio, que conseguiram fugir na ocasião. No entanto, Leandro, Shirley e Carlos Alberto foram presos em flagrante. Posteriormente o casal passou a responder pelos crimes em liberdade, até a justiça ter voltado atrás em 2018.