Aeroporto de Salvador começa a testar tecnologia de reconhecimento facial

O sistema, que faz cruzamento de dados do TSE e Detran, promete mais rapidez e segurança aos passageiros

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  • Carolina Cerqueira

Publicado em 15 de dezembro de 2020 às 05:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Nara Gentil/CORREIO

O Aeroporto de Salvador começou a testar nesta segunda-feira (14), às 14h30, o projeto-piloto do Governo Federal de embarque aéreo com uso de reconhecimento facial. A tecnologia, denominada de “Embarque + Seguro”, foi desenvolvida pelo Serpro, empresa de inteligência em TI do Governo Federal, em parceria com o Ministério da Infraestrutura (MInfra). 

A solução dispensa o uso de documento de identificação pelo passageiro, evitando fraudes, e permite que os agentes façam a validação mesmo em caso de falta de eletricidade ou de internet no aeroporto. A capital baiana é a primeira cidade do Nordeste e a segunda do país escolhida para os testes, que acontecem até março de 2021. Mais três localidades ainda serão selecionadas.

O objetivo é tornar mais eficiente o processo de embarque nos aeroportos, diminuindo o tempo de espera na fila, e gerar mais segurança às viagens aéreas, já que a Polícia Federal também participará do projeto, realizando a fiscalização e podendo interferir no embarque de passageiros com mandado de prisão, por exemplo. Por enquanto, os testes estão sendo realizados apenas com passageiros voluntários, que voam pela companhia GOL e tenham CNH ou que realizaram o cadastro de biometria do TSE (Tribunal Superior Eleitoral).

Como funciona?

Ao tentar embarcar, o usuário do serviço tem seu rosto escaneado e a informação é cruzada com os bancos de dados governamentais para realizar a identificação. Inicialmente, a comparação é feita com o banco do Denatran (com 67 milhões de CNHs registradas) e do TSE (com 120 milhões de eleitores cadastrados), mas a ideia é expandir essa capacidade também para outros bancos. Todos os voluntários devem assinar um termo de consentimento referente à LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados).

Com o Embarque + Seguro, a validação da identidade passa a ser feita por duas selfies tiradas pelos funcionários: uma nos balcões de check-in da GOL; outra no portão de embarque de número 17. “O sistema faz a análise do passageiro e do voo e, caso esteja tudo certo, envia um comando para iniciar a biometria. Nesse momento, a face é detectada e as informações são enviadas para a base de dados do Serpro. Se a pessoa for de fato a mesma nas duas selfies, a porta de embarque se abre automaticamente e libera a entrada do passageiro”, revela Marcelo Andrade, Gerente de Desenvolvimento de Produtos da Gunnebo Brasil, uma das empresas fornecedoras da tecnologia de reconhecimento facial.

"Eu gostei da novidade, achei bem mais prático. Temos que modernizar sim. Estou me sentindo seguro, isso que importa. Espero que outros locais também tenham a iniciativa de adotar esse sistema", diz o advogado carioca Márcio Moura, 42, que se voluntariou para o teste.

Caso haja a implantação definitiva da tecnologia, o viajante poderá ainda ter uma experiência de viagem personalizada, sendo avisado sobre quanto tempo falta para a saída do voo e, ainda, qual a rota mais rápida para chegar até o portão de embarque, por exemplo. 

Monitoramento nacional

A tecnologia de reconhecimento facial para a identificação do passageiro e embarque automático nos portões eletrônicos já é oferecida no mercado. O que não existia, até o momento, era um sistema nacional unificado que possibilitasse checar e validar, com rapidez e segurança, a identidade do passageiro a partir do cruzamento com diferentes bases de dados governamentais.

“Com a solução tecnológica do projeto Embarque + Seguro, as autoridades públicas brasileiras passam a ser responsáveis pela checagem das informações dos passageiros, a partir do cruzamento da biometria e dos dados na base do sistema, e não mais o funcionário da companhia aérea na hora do embarque na aeronave”, explicou o ministro da infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas. “Queremos levar mais segurança e agilidade para o setor, alinhando o país com o que existe de mais atual nos padrões internacionais de transporte aéreo”, completou.

Segundo o coordenador da Secretaria Nacional de Aviação Civil, Carlos Gomes, o sistema também poderá permitir o controle de toda a trajetória do viajante, seu histórico e o das pessoas que compartilharam voos com ele. “Isso é uma ferramenta essencial para as políticas públicas de saúde, principalmente em um contexto de pandemia. Sem falar que o embarque passa a ser feito sem qualquer contato físico ”, avaliou Gomes.

O projeto do governo está sendo implementado no Aeroporto de Salvador com o apoio das empresas de TI Rockwell Collins, Gunnebo e Amadeus para assegurar o suporte tecnológico e de equipamentos necessários. "A chegada dessa solução vem para somar e contribuir para tornar as viagens no Brasil alinhadas com o que de mais moderno se desenvolve na aviação mundial", destacou o diretor-presidente da Concessionária do Aeroporto de Salvador, Julio Ribas.

A primeira capital do país a testar a nova tecnologia foi Florianópolis, em Santa Catarina. O Aeroporto Internacional Hercílio Luz, escolhido por já possuir a infraestrutura necessária para a implementação, começou a utilizar em outubro esse método de autenticação para permitir ou rejeitar o embarque de passageiros da companhia aérea LATAM. A intenção do Governo Federal é levar gradualmente o projeto para os principais aeroportos do país quando a solução já estiver aprovada.

*Com orientação da chefe de reportagem Perla Ribeiro