Afinal, quem são os líderes da 4ª revolução industrial no Brasil? 

Quais as habilidades necessárias e desafios a serem ultrapassados para a formação de líderes para a Indústria 4.0 no país

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  • Da Redação

Publicado em 1 de agosto de 2019 às 15:00

- Atualizado há um ano

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Muito se tem falado em Indústria 4.0, automação, robótica, analytics, smart cities e outras centenas de novas tecnologias de ponta pode nos trazer e contribuir para os sistemas de manufatura. Mas a quarta revolução estende-se muito além dos limites da tecnologia, que é tipicamente onde muitas explorações do fenômeno começam e terminam. Ela abarca todo o ecossistema de parceiros, fornecedores, clientes, força de trabalho e mudanças operacionais. Estamos falando de uma transformação completa das empresas – sobre como lidam com a informação, alcançam a excelência operacional, contratam pessoas e influenciam a experiência do cliente. Ocorre que, para que esta mudança se torne realidade, precisamos de indivíduos que a liderem.

Em resumo, as organizações devem considerar adotar uma visão holística da Quarta Revolução Industrial e a forma como ela vai alterar os negócios. E aqui neste ponto, chegamos à questão central: quem liderará essa enorme evolução em nosso país?

Para iniciarmos esta análise, podemos dividir os indivíduos em dois públicos: um deles, representado pelos jovens que estão na educação formal e ainda assumirão posições de liderança e o outro, profissionais que já se encontram no mercado de trabalho e precisam se preparar para assumir funções de liderança.

Em recente pesquisa, realizada com executivos C-level em todo o mundo, representantes de empresas com receita de mais de 1 bilhão de reais por ano, a Deloitte identificou as personas que vão liderar esta revolução e os principais desafios. Entre eles, o estudo mostra que apenas 28% dos entrevistados pretendem treinar extensivamente seus funcionários para este novo cenário. Ainda, do universo pesquisado, 54% afirmam ter dificuldade em atrair talentos com as competências necessárias para essa revolução. E no que diz respeito à Educação, apenas 29% dos entrevistados acreditam que o atual sistema educacional preparará suficientemente os indivíduos para que possam atuar neste cenário.

Retomando agora as personas, as quatro identificadas ao longo da pesquisa foram:  

  ·         Data-driven decisive (Estratégia): trabalham para desenvolver estratégias eficazes para suas empresas, em mercados em rápida transformação 

·         Disruption driver (Tecnologia): concentram-se mais no uso de tecnologias da 4ª Revolução Industrial para proteger seus negócios do que para fazer investimentos arriscados 

·         Talent champion (Talentos): Estão mais à frente na preparação de suas forças de trabalho para o futuro; acreditam que sabem quais são as competências que suas empresas vão precisar  

·         Social super (Sociedade): Expressam um compromisso genuíno em melhorar o mundo, considerando o alto impacto da Indústria 4.0 na sociedade. 

A meu ver, esta última persona é a que melhor representa os líderes brasileiros. Enquanto a Quarta Revolução Industrial se desdobra, líderes dos mais diversos setores e governos estão se perguntando como devem se preparar. Para isso, tenho uma visão: sairá na frente quem souber ler e interpretar os dados, de forma que possa aplicá-los, entregando à sociedade produtos e serviços de melhor qualidade.

Neste debate, precisamos passar a produzir tecnologia e não apenas consumi-la. O que também passa pelo investimento em Educação e Pesquisa. Entender esse contexto é fundamental. Não é possível fazer com que essa revolução chegue até as pessoas sem a união de sociedade civil, academia, governos e iniciativa privada. É uma questão de sobrevivência. Não acompanhar essa revolução pode nos levar ao fracasso.  

Othon Almeida é sócio-líder de Market Development e Talent da Deloitte Brasil

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