Afro Fashion Day transforma criatividade a partir dos blocos afro

De volta ao Centro Histórico, desfile encantou por reverência à história e à criatividade

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  • Da Redação

Publicado em 8 de dezembro de 2019 às 06:45

- Atualizado há um ano

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No último dia do mês de novembro, o Afro Fashion Day chegou ao Terreiro de Jesus dando um recado: moda, dança e música são elementos de pertencimento do povo negro há séculos, e através deles, esse povo se reiventa cotidianamente. Recado que já vem sendo dado há mais de 40 anos pelos blocos afro de Salvador, grandes homenageados do evento realizado pelo CORREIO, e que em 2019 chegou à sua quinta edição. Filhos de Gandhy, Cortejo Afro, Malê Debalê, Muzenza, Olodum e Ilê Aiyê foram lembrados por 45 marcas baianas de roupas e acessórios, que assinaram criações originais feitas com tecidos cedidos pelos próprios blocos. Ano a ano, eles se preparam para contar uma história na Avenida durante o Carnaval, quando a passarela passa ser a rua. No Afro Fashion Day, o espírito foi mantido a cada entrada de modelo, em cada ato do desfile, e lembrado no texto de Renato Carneiro e Carlos Danon, fundadores da Katuka Africanidades, e lido pelo cantor Dão na abertura (leia na íntegra abaixo). A reverência à história não impediu que o evento apostasse na transformação. O desafio de criar peças a partir de fantasias de Carnaval já partia desse princípio.  Aliás, talvez a palavra que melhor resuma o Afro Fashion Day seja essa: transformação. É a partir dela que conduzimos as reportagens que você verá a seguir, sobre como a moda tem repensado a si própria de modo a acompanhar o imperativo da sustentabilidade; sobre como levar looks e makes da passarela para o dia e dia; e sobre como ao fim desse evento tantas vidas são transformadas. Boa leitura!

Veja o texto lido pelo cantor Dão na abertura do Afro Fashion Day 2019 | por Renato Carneiro, estilista, e  Carlos Danon, sociólogo

Cidade do Salvador da Bahia,multiplicidade de vozes, gestos e modos.  Território de diferenças, conflitos e resistências, em um movimento que gera alternativas transformadoras de mentes e corpos que fazem Historias, dizendo sim quando a realidade insiste em dizer que não.  Nossas mãos, a partir das ancestralidades negras, vivências, formas de compreender o mundo, tomam o caos como elemento inspirador . Na ousadia, geram formas de estar e circular, repletas de estilo, cores, novas leituras de equilíbrio e proporções, formam blocos que ao som Malê tomam a cidade, sobem a ladeira e trazem Senegal, reúnem cortejos e na paz de Gandhy gritam a Liberdade, são muzenzas e badaues. Salvador é Salvador, como Wakanda, um desejo de segurança e a necessidade de alimentar a fantasia.  Na 5° edição do Afro Fashion Day, chegamos de lá para aqui vestidos de nossos pertencimentos para comunicar a força do nosso poder.O Afro Fashion Day é uma realização do jornal Correio, com o patrocínio do Salvador Shopping, apoio institucional da Saltur, Vem Pro Centro, Pelourinho Dia & Noite e Prefeitura Municipal de Salvador, apoio do Instituto ACM e Salvador Bahia Airport e parceria do Sebrae, Melissa, Vizzano e Imaginarte.