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Da Redação
Publicado em 24 de novembro de 2022 às 21:11
- Atualizado há 2 anos
É aquilo, né? As seleções vão jogando. Partidas boas, outras ruins. Recordes vão sendo quebrados, histórias vão se acumulando. Zebras dão as caras, goleadas impiedosas também. Mas isso tudo meio longe, quase que fictício, com ares de fantasia. O que só muda quando o Brasil entra em campo, Galvão domina os microfones, chama o Olodum no link ao vivo, bonecos de Olinda girando e, pá!, sentimos a vibração inequívoca: começou a Copa. Agora, sim. Pra valer, de verdade.>
O primeiro desafio dos garotos de Tite era a Sérvia, que chegou ao Catar com status de adversário mais forte da fase de grupos. Qual o quê!>
E com esta exclamação que contém goles extras de desinibição, aviso de antemão: empolguei. Estou iludido como há muito não ficava. Porque se esta Sérvia é a seleção que faria frente ao escrete canarinho, vejam bem, não há limites para o que virá por aí.>
Para poupar o seu tempo, adianto que nem adianta levantar seu dedinho, pedir parcimônia, argumentar veja bens e afins. Não é tarefa de torcedor manter-se indiferente, muito menos do cronista, que tem como dever da profissão exagerar irrelevâncias, traçar analogias infundadas e propor um final catártico. Propor, não: vislumbrar.>
Minha empolgação demorou pra vir. Se o primeiro tempo foi no ritmo de uma palestra de Tite, o segundo veio para nos inebriar de brasilidade nos pés da juventude que forma a ofensiva canarinho.>
Era um balé bem orquestrado. Qualquer posse de bola do outro lado era desarmada como se fosse proibido permitir que eles ultrapassassem a linha de meio de campo. Dali abria-se a redonda na ponta, para Raphinha e principalmente Vini Jr mostrarem o que é que o brasileiro tem. Estrutura até lá, depois é no jeitinho.>
Foi um massacre. Bolas na trave, envolventes trocas de passes, tranquilidade em estreia que há muito não se via; 2 a 0 ficou pequeno. E no jogo que efetivamente representa a abertura da Copa para tantos de nós, vimos consolidar-se o novo ídolo no imaginário eterno dos centroavantes brasileiros nas Copas: Richarlison.>
No primeiro gol, oportunismo de quem está no lugar certo na hora certa. No segundo, pintou a obra-prima que forja os grandes e faz a gente, do lado de cá, se iludir irremediavelmente. E se você não se richarlisonizou, procure nos porões de sua alma o coração que já parou de bater. ‘Pru’ pra você. O Pombo vai te pegar.>
Fato é que apesar do sequestro recente da Seleção Brasileira e de seus símbolos, não resistimos a lampejos de futebol-arte, de futebol moleque, que progride, sorri, dança na cara dos velhacos e pede passagem sem pedir licença. Largamos o medo e nos embandeiramos: "É pra Copa".>
Porque quando mergulhamos na certeza torcedora, a que interpreta sinais como evidências científicas de que 'agora vai', enxergamos a linha de chegada com clareza. Obviamente, com o hexa garantido. Galvão rouco gritando “é hexaaa”, Pombo artilheiro, Thiago Silva levantando a taça aos prantos, Dani Alves dentro de campo com o tantan: pacote completo. Palavras da salvação que virá, que eu vi, você viu, todos vimos. Presta atenção, estava lá, desenhado no voleio de Richarlison. É o Brasil feliz de novo.>
Gabriel Galo está completamente richarlisonizado.>