Agro quer mais ações de desenvolvimento para o semiárido

Conviver com longos períodos de secas e continuar produzindo alimentos é desafio para os agricultores desta área

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  • Georgina Maynart

Publicado em 13 de novembro de 2019 às 23:36

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Um semiárido mais forte, produtivo, com mais igualdade e tecnologia, e que ofereça melhores condições de vida e trabalho para os agricultores. Esta foi a principal reinvindicação dos representantes do agronegócio da Bahia apresentada durante o Seminário “Brasil, Futuro Econômico”, realizado esta semana em Salvador. 

“Temos um imenso semiárido desigual, onde ainda falta água para as pessoas beberem, falta emprego, e onde as pessoas carecem de benefícios básicos. Não podemos mais conceber isso em uma época em que já alcançamos a tecnologia 5.0, a inovação e o acesso aos novos mercados. A nossa grande esperança é de transformação dessa realidade. O semiárido precisa de oportunidade para se desenvolver e contribuir mais com a nossa economia”, afirmou Humberto Miranda, presidente da Federação de Agricultura e Pecuária da Bahia (Faeb).

A Bahia é o estado com maior número de municípios inseridos no semiárido brasileiro, são 278 no total. Eles equivalem a cerca de 70% dos 417 municípios baianos. São nestes espaços de clima seco, com índices baixos de chuva, que está boa parte das propriedades rurais da Bahia. Conviver com as longas estiagens e continuar produzindo alimentos é um constante desafio para os agricultores destas áreas.

Para a Faeb, a correção das desigualdades deve envolver a criação de projetos específicos de desenvolvimento para estas regiões e a realização de ações estruturantes que diminuam os gargalos do setor produtivo.“A Bahia é um retrato do Brasil, seja na dimensão geográfica, diversidade ou também nos problemas. Temos uma Bahia que dá certo, com um setor agropecuário responsável por mais da metade das exportações, e pelo equilíbrio na balança comercial, geração de emprego e renda. Um setor que ajuda inclusive a baratear as cestas básicas fazendo com que todos tenham acesso aos alimentos. Mas é um setor que tem muitos problemas como a infraestrutura, a logística e a insegurança jurídica”, completa Miranda. Presidente da Federação de Agricultura e Pecuária da Bahia, Humberto Miranda, defende mais ações para o semiárido. (Foto: Georgina Maynart) O evento promovido pelo Sistema Faeb/Senar e pela Fecomércio/Bahia contou com a presença do vice-presidente da República, Hamilton Mourão. Também participaram o Presidente da Confederação Nacional da Agricultura, João Martins, além de representantes da Confederação Nacional do Comércio.

“Só vamos ser um país do futuro se acabarmos com a desigualdade que existe no Brasil e aqui na Bahia. Temos que ter um país em que todos possam viver com dignidade”, afirmou João Martins, presidente da Confederação Nacional da Agricultura (CNA).

O governo federal garantiu que dará prioridade a obras de infraestrutura, como a Ferrovia Oeste Leste, e aos projetos que possam fornecer segurança jurídica para atração de novos investimentos privados. Também afirma que está adotando medidas para destravar o mercado, estimular o empreendedorismo, e integrar a economia brasileira às cadeias globais de agregaçao de valor.

“O agronegócio brasileiro já é digital e conta com ciência, tecnologia e inovação integradas à lavoura e à pecuária. Defendemos ainda a economia do conhecimento, com cultura inovadora e empreededora em todos os setores. A retomada do crescimento passa pelo aumento da produtividade, com novas concessões, reforma tributária, abertura comercial e desburocratização. Precisamos tirar o peso da ineficiência do Estado das costas de quem trabalha e produz no Brasil". afirmou o vice-presidente do Brasil, Hamilton Mourão, que participou do debate na segunda-feira.

Em outubro deste ano o Ministério da Agricultura lançou o Agro Nordeste, um plano de desenvolvimento social, econômico e sustentável para as zonas rurais da região. O projeto prevê a implantação de ações de assistência técnica em 230 municípios dos nove estados nordestinos e do norte de Minas Gerais. O plano deve ser implantado até 2020 e é voltado para pequenos e médios produtores que enfrentam dificuldades para comercializar a produção.