Agro responde por quase um quarto da riqueza produzida na Bahia

Dado foi divulgado pela SEI durante a Fenagro e mostra aumento de participação do setor no PIB do estado

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  • Georgina Maynart

Publicado em 29 de novembro de 2018 às 21:30

- Atualizado há um ano

O setor agropecuário já representa 23,5% do Produto Interno Bruto baiano, quase um quarto de tudo o que é produzido no estado. O dado foi divulgado ontem à noite pela Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI), durante a Feira Agropecúaria Internacional (Fenagro), que está sendo realizada no Parque de Exposições, em Salvador. 

O agronegócio baiano produziu R$ 19 bilhões 694 milhões a mais, quando se compara o volume gerado em 2012 e o produzido em 2017. A pesquisa inclui os negócios de pequeno, médio e grande porte. No primeiro ano da análise, em 2012, o agronegócio produzia R$ 41 bilhões 976 milhões de reais e representava 22,5% do PIB estadual. Entre 2013 e 2014, em consequência de uma severa seca, o setor chegou a registrar uma queda significativa, caindo para 21,3% do PIB do estado. Depois o PIB agro voltou a subir, e em 2017 alcançou R$ 60 bilhões e 770 milhões.“A importância do agronegócio vai além do valor adicionado pelo arranjo produtivo ao PIB do Estado. A maior parte da dinâmica econômica de um grande conjunto de municípios do interior da Bahia está, direta ou indiretamente, relacionada com o desempenho desse setor", afirma Gustavo Casseb Pessoti, Diretor de Indicadores e Estatística da SEI.Commodities

Um dos principais fatores que contribuiu para este desempenho foi o sistema de preços do mercado internacional. Algumas commodities brasileiras, como soja, milho e algodão, ficaram mais valorizadas no período analisado, e favoreceram o agronegócio da Bahia.

A pesquisa também revela que a taxa real de crescimento do agronegócio baiano, em 2017, foi de 4,1%. “Isso significa um crescimento real do ponto de vista da produção física, desde a indústria aos serviços. É um índice muito bom de crescimento se levarmos em consideração o péssimo momento da economia nacional neste período, e a crise da economia baiana nos últimos anos”, acrescenta Pessoti.

O setor agropecuário também evoluiu na economia nacional, passou a representar 21,59% do PIB brasileiro. Antes, em 2012, correspondia a apenas 19,4%. Os dados foram calculados a partir de vários estudos já publicados nos últimos seis anos, e com base na estimativa do PIB do agronegócio no Brasil. Eles evidenciam ainda a interligação entre o setor agropecuário com outras atividades econômicas.

“A agropecuária ajuda a entender a dinâmica da economia como um todo. Isso é importante porque integra o agro, as indústrias e os serviços. Compreender essas relações permite que as diferentes instituições, como associações privadas, pesquisadores e governo, tenham uma visão mais ampla do processo de geração de riqueza no mundo da agropecuária” acrescenta Pessoti.

Porteira

A análise envolve os três setores da produção agrícola, começando pelo levantamento de dados sobre os insumos agropecuários, usados antes do plantio, como sementes e fertilizantes. A pesquisa inclui ainda o volume de negócios dentro da porteira, ou seja, nas fazendas, e as informações dos setores agroindustriais que fazem a transformação da matéria prima agrícola. Outro destaque é que o setor terciário também foi incluído na análise, como o transporte e os serviços utilizados pelo setor, além da própria comercialização e distribuição dos produtos agropecuários.

“O agronegócio é de extrema importância para a economia, especialmente em tempos de crise, por ser um setor que responde com rapidez aos investimentos, gerando resultados positivos em um curto espaço de tempo. Os dados demonstram a influência direta da agropecuária no nosso estado, nos setores de produção, industrialização de produtos agropecuários e serviços, garantindo a geração de riqueza para a Bahia. Riqueza que pode ser ampliada com a criação de mecanismos que agreguem valor às commodities e criem mais postos de trabalho no interior e na capital”, diz Andréa Mendonça, secretária de Agricultura do estado.

Diversificação

Ainda segundo os economistas, do volume total do PIB, 87% são gerados pelos grandes negócios e 13% pelos pequenos e médios agricultores. O crescimento tem sido registrado em várias cadeias produtivas, desde gado de corte, caprino, ovino, apicultura e fruticultura.

Mas a produção do Oeste da Bahia tem peso marcante no resultado, tanto pela produção de grãos como pela de fibras. Os agricultores da região mantêm 2 milhões e 160 mil hectares plantados.“Nestas últimas duas safras, o alinhamento climático e o volume regular de chuva expressaram o potencial produtivo das diferentes culturas, tanto de sequeiro e irrigado. O produtor rural vem fazendo o dever de casa, melhorando o solo, adubação, sementes, usando tecnologias modernas, com novas cultivares, daí este resultado. É uma atividade importantíssima para o estado graças à geração de impostos, emprego e renda”, enfatiza Luiz Pradella, vice-presidente da Associação de Agricultores e Irrigantes da Bahia (AIBA). Em toda a Bahia, parte da produção agrícola é direcionada para o mercado interno, mas vem aumentando o envio de produtos para outros países. Só no Porto de Salvador os produtos agrícolas já representam quase 26% do volume exportado.

“Temos certeza que agregando tecnologia à produção, respeitando todas as normas ambientais e trabalhistas, a participação do agro será cada vez maior no PIB. Ajudar a Bahia e o Brasil é a vocação do produtor rural”, afirma Humberto Miranda, presidente do sistema Faeb/Senar na Bahia.

Para Miranda, a evolução é o resultado de vários projetos que vêm sendo implantados pelos produtores rurais ao longo dos últimos anos.

“O setor agropecuário baiano a cada ano cresce mais, se profissionaliza melhor e, consequentemente, gera mais emprego e renda, contribui de forma decisiva para o crescimento da economia da Bahia. Nós, do sistema Faeb/Senar, ficamos extremamente felizes em contribuir com isso. A assistência técnica e gerencial que levamos para o campo tem sido um divisor de águas. Temos exemplos de produtores que cresceram em até quatro vezes a sua produção de leite sem aumentar o número de animais”, completa.