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Priscila Natividade
Publicado em 18 de maio de 2020 às 05:00
- Atualizado há 2 anos
Desde o início da crise, os gráficos só mostravam os rendimentos das aplicações que a empresária Claudia Hercog investia em queda. Com recursos depositados em renda fixa, fundos multimercado e previdência, o susto foi grande. “Fiquei em choque, não sabia o que fazer e não apliquei mais nenhum valor até ver o que seria” conta.>
Claudia começou a investir há quatro anos pensando em duas coisas: casamento e aposentadoria. “Sempre escolho minhas aplicações, analiso, principalmente, a liquidez daquele produto e também as perspectivas envolvidas no tipo de investimento. O grande desafio agora é ter paciência e esperar. E pensar em rentabilidade a médio prazo, pois a curto prazo será impossível agora ou teria que cair em ações e não tenho perfil para esse tipo de investimento”. diz. A reserva financeira que Cláudia montou tem dois objetivos: casamento e aposentadoria (Foto: Acervo Pessoal) E ter paciência é mesmo a melhor estratégia para quem quer começar a investir ou manter algum tipo de rentabilidade na crise. Diante de um cenário de economia parada, instabilidade política, fuga de capital do país, dólar encostando nos R$ 6 e mais a Selic (taxa básica de juros) em 3%, o caminho para não perder dinheiro é esperar, garantem especialistas em investimentos e finanças. “Paciência e resiliência. Esse é o momento em que o investidor deve se manter firme, pois oscilações são naturais ao longo do caminho. O investidor precisa primeiro entender se as perdas que sofreu e a volatilidade são compatíveis com o seu nível de risco e o nível de risco do objetivo. Nesses momentos essa reflexão é fundamental”, destaca o presidente da Pi, plataforma aberta de investimentos do Banco Santander, Felipe Bottino.>
Diversificar os investimentos é outro conselho para o investidor, sobretudo nesse momento, como pontua o fundador do buscador de investimentos Yubb, Bernardo Pascowitch. Aí entram os investimentos em renda fixa (CDBs, Títulos do Tesouro Direto, por exemplo) para quem busca conservar o patrimônio, e o potencial dos investimentos em renda variável (fundos de investimento, mercado de ações) para quem busca aumentar as posses, considerando as oscilações no cenário atual. >
“Será que vem uma segunda onda de contaminação pelo coronavírus? Esse medo puxou bolsas de valores para baixo, além de desvalorizar o petróleo, o que derrubou ações da Petrobras. Já o dólar bateu a segunda maior cotação da história nesta semana. Ninguém sabe quando vai começar uma recuperação econômica ampla", expõe. "Acreditamos que essa recuperação está atrelada ao desenvolvimento de uma vacina para o coronavírus e também está atrelada a um tratamento, que possa ser largamente reproduzido. A pandemia gera um momento de instabilidade econômica, e investir é em parte confiar, e em parte arriscar", completa.>
Carteira estratégica>
E o que é fundamental fazer de imediato? Quem responde é o analista de Investimentos da Easynvest, José Falcão Castro, que diz que o investidor precisa pensar a rentabilidade e o objetivo da sua reserva a médio e longo prazo. Segundo ele, as crises anteriores ensinam que os mercados voltam a reagir bem e se recuperam alguns meses depois.>
“A queda no preço dos títulos de renda fixa, fizeram as taxas subir e abriu uma janela de oportunidade para quem tem uma visão de médio prazo. Com o momento conturbado de mercado, o Tesouro Prefixado com vencimento em 2023 explodiu rapidamente para taxas de 7,26%. Quanto aos investimentos em renda variável, o investidor deve ter muito bem definido qual é a sua estratégia. Curto ou longo prazo, especular ou investir em boas empresas a preço que provavelmente não veremos nos próximos cinco anos pode ser interessante”, recomenda.>
O economista e conselheiro da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), Roberto Vertamatti, acrescenta que não é o momento de mexer na carteira ou migrar de um investimento de renda fixa para renda variável e vice-versa. >
“Se alguém tem alguma reserva, creio que está aplicada em renda fixa e ou variável. Neste momento recomendo manter o investimento, mesmo em renda fixa. Qualquer movimento brusco traz muito risco e pode realizar perdas ainda maiores do que aquelas que já ocorreram. Assim que iniciar a normalização será o momento de avaliar as aplicações existentes, mudando de fixa para variável ou outras aplicações”, afirma. >
DICA DA SEMANA: CINCO CONSELHOS PARA QUEM QUER INVESTIR NA CRISE>
Conheça o Fundo Garantidor de Crédito Nesse momento de crise, o primeiro passo para fazer gestão de risco é saber se os ativos que está investindo são protegidos pelo Fundo Garantidor de Crédito (FGC). O FGC é uma instituição que garante o seu dinheiro, caso a instituição financeira quebre. Estão protegidos ativos de emissão bancária (CDB, LCI, LCA, LF). O valor é limitado a R$ 250 mil por banco e por CPF e para cada período de quatro anos o limite é de R $ 1 milhão. >
Pesquise O investidor precisa pesquisar sobre as instituições onde deseja aplicar seu dinheiro. Não basta só decidir em cima de notícias, em influenciadores, quando na verdade a pessoa precisa entender porque ela faz determinado investimento. A decisão deve ser tomada de forma consciente e planejada.>
Não seja vítima do ‘efeito manada’ Ou seja, não haja por impulso nem faça nenhum movimento brusco com relação aos investimentos que possui. Espere o momento da retomada, quando a economia vai indicar sinalizações mais precisas.>
Monte sua estratégia Os grandes ganhos na Bolsa de Valores, por exemplo, são materializados no longo prazo, comprando empresas lucrativas, resilientes e bem administradas. Nesse momento, empresas que fornecem serviços essenciais e que, de alguma forma, tenham tecnologias que geram valor e comodidade para as pessoas estão mais protegidas. Outra opção são papéis de empresas que possuem reserva de caixa e capital de giro. Setores que podem ser mais resilientes são os de telecomunicação, saúde, farmacêutico, alimentação, energia e saneamento.>
Diversifique É diversificando suas aplicações que o investidor vai sobreviver no longo prazo e obter melhores retornos para sua carteira.>
O QUE É>
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