Além da saudade, estudar longe de casa faz com que o estudante amadureça mais rápido

Tecnologia ajuda quando a saudade aperta

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  • Do Estúdio

Publicado em 4 de dezembro de 2018 às 06:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Shutterstock

Sair de casa é uma etapa considerada por muitos como natural. Em alguns casos, há aqueles que antecipam esse processo e deixam todo o aconchego – e, porque não, confusões? – da família um pouco mais cedo para ganhar o mundo. É o caso da catarinense Sarah Machado, 19 anos, que há um ano e seis meses se mudou para Salvador por conta dos estudos.  Além de ter que lidar com toda a euforia e ansiedade de iniciar um curso superior, a estudante de Letras Vernáculas da Universidade Federal da Bahia (UFBA) também teve que se adaptar com as diferenças entre a sua cidade natal. “Foi complicado. Em Salvador, eu estava praticamente sozinha. Não é fácil se mudar para um local tão longe de casa e tão diferente. Desde o clima até as pessoas, demorou um tempo para eu me acostumar com tudo”, conta.

O contato físico fica restrito aos períodos das férias. As conversas, no entanto, não param no dia a dia com auxílio da tecnologia. “Nos falamos constantemente pelo telefone, mas não é a mesma coisa, a falta de contato mais profundo faz muita falta, estar longe nos aniversários e datas importantes, como dia das mães e dos pais é bem difícil. Com o tempo, a gente acostuma com a distância, mas a saudade está sempre aqui”, explica Sarah.

A saudade da família pode até ser uma companheira diária, por outro há ganhos, como amadurecimento, passar a ver a vida a partir de uma outra perspectiva e maior responsabilidade consigo. “O fato de estar longe de casa força você a ter mais autonomia e ser mais independente. Por exemplo, aquele sapato que você coloca na porta do quarto e no outro dia aparece ‘magicamente’ limpo não acontece mais”, brinca o estudante Matheus Leandro, 19 anos, que há um ano saiu de Salvador para estudar Direito na Pontifícia Universidade Católica, de Minas Gerais. O estudante Matheus Leandro, 19 anos, foi para Minas Gerais estudar Direito. A farmacêutica e consultora de qualidade Nívia Ferreira, mãe do Matheus, de início é que não ficou muito contente. “O coração apertou bastante. Fiquei muito receosa de não participar do dia a dia, de não poder acompanhar de perto com quem ele anda, com quem está, o que ele faz”, explica. Mas, logo o coração de mãe aquietou um pouco e deu lugar a confiança e ao desejo de que o filho caçula alçasse voos maiores. “Eu sempre incentivei os meus filhos a terem novos rumos na vida. Eu não sou aquela mãe que prende os filhos na barra da saia”, complementa.

A parte

Optar por morar distante dos pais também requer um cuidado maior com a parte financeira. Se estágios ou auxílios das faculdades não acontecerem, os estudantes acabam tendo como fonte de renda as famílias, que acabam tendo um gasto extra no fim do mês. Nessas horas, diálogos e bom senso sempre dão certo para ajustar as finanças. A Sarah, por exemplo, buscou participar de grupos de pesquisas que oferecem um auxílio. “Eu recebo uma ajuda da minha família, meus pais tentam me ajudar o máximo que podem. Também tenho uma bolsa de pesquisa que já ajuda muito”, conta.

No caso do Matheus e da Nívia, eles fizeram juntos, e com antecedência, um levantamento das necessidades mais básicas que ele teria. Há um orçamento fixo, mas nem sempre fecha no mesmo valor. “Sempre surgem gastos pequenos fora do orçamento. Matheus também se preocupa em não pedir além do que ele precisa”, conta Nívia.

Mesmo tendo a possibilidade de estudar na mesma cidade, a decisão de ir para mais longe partiu do próprio Matheus que analisou estrategicamente instituições em todo o país. “Escolhi a PUC por conta do seu reconhecimento dentro e fora do Brasil. Além disso, é uma universidade que é muito bem classificada no ranking de faculdades de Direito”, justifica o Matheus. Na avaliação do Ministério da Educação (MEC), o curso de Direito da PUC Minas levou o conceito máximo (nota cinco). A graduação também integra com as melhores recomendadas pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).

Como a PUC é uma instituição privada e o estudante ainda não conta com nenhum tipo de auxílio, além de buscar estágios e projetos de pesquisas, Matheus reforça os estudos para manter as boas notas e obter o título de aluno destaque para conseguir uma bolsa de estudo da própria instituição. De acordo com a PUC, é concedido 50% de desconto ao aluno “que obtiver o melhor rendimento acadêmico semestral por curso, turno e unidade”.