Além do feijãozinho: especialista defende educação ambiental na 1ª infância

Para o presidente do Ibrade, ensinamentos relacionados à sustentabilidade devem adicionados os currículos da educação infantil

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  • Donaldson Gomes

Publicado em 31 de outubro de 2019 às 06:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Marina Silva/ CORREIO

O mais próximo que as escolas brasileiras chegam do ensino da educação ambiental passa pela aula em que as crianças são estimuladas a plantar uma semente de feijão dentro de um copo plástico, diz o advogado Georges Humbert, presidente do Instituto Brasileiro de Direito e Sustentabilidade (Ibrades). “Não tem nada mais insustentável do que isso. Deseduca ambientalmente”, acredita. 

Humbert conta que apesar dos apelos de especialistas para que o assunto entre nos currículos das crianças, a realidade permanece inalterada. O advogado defende que o assunto passe a constar nos currículos educacionais tanto de maneira transversal - quando o tema é tratado dentro de uma outra disciplina -  quanto em matérias específicas.

“Eu estudei em colégios particulares aqui em Salvador, fiz Universidade Católica do Salvador, fiz cursos de mestrado e doutorado em São Paulo, fiz pós-doutorado em Coimbra  (Portugal) e nunca tive uma matéria, nem transversal, nem específica em meio ambiente. “Enquanto a gente não levar a sério a educação ambiental, enquanto isso não for incutido nos professores em todos os níveis, não vamos conseguir avançar na discussão sobre sustentabilidade”, acredita. 

O advogado lembra que na discussão sobre o meio ambiente existe um foco muito grande em questões como licenciamentos, estudos de impacto e nas indesejáveis multas, “mas pouco se investe em educação, que tem ligação direta com sustentabilidade”.

Georges Humbert destaca que outro fator importante para a construção de uma sociedade sustentável passa pelo estímulo às boas práticas. Ele defende, para este ponto,  que o poder público oferte  incentivos tributários aos bons exemplos.  

O I Fórum de Inovação e Sustentabilidade para a Competitividade é uma realização do jornal CORREIO, Ibama e WWI, com o patrocínio da ABAPA, Fazenda Progresso e Suzano S.A, apoio da Fundação Baía Viva e apoio institucional da FIEB e FAEB/SENAR.  

SUSTENTABILIDADE E INOVAÇÃO SÃO TEMAS ESSENCIAIS

Ainda que o tema sustentabilidade e inovação sejam essenciais para um novo currículo escolar, independente da área do conhecimento, o presidente do Conselho Nacional de Educação (CNE), Luiz Curi, defende que ambas sejam ensinadas e vividas fora das escolas.

“É essencial que na formação, seja de qual disciplina for, todas elas devem conter o tema sustentabilidade como padrão. Inovação depende de ambiente, de cultura nacional e, sobretudo, de perspectivas sustentáveis”. Curi foi um dos convidados do I Fórum de Inovação para a Sustentabilidade para a Competitividade (Fisc), que aconteceu na última quinta-feira (24), no Senai Cimatec, em Salvador. 'Inovação e sustentabilidade precisam ser vistos como uma nova cutura', afirma Curi (Foto: Marina Silva/ CORREIO) Para ele, todos devem conhecer  o impacto da sustentabilidade e da inovação e como desenvolvê-las. “Não é só uma decisão de governo. Claro que nós ajudamos com políticas que estimulem e incentivem isso, mas a inovação e a sustentabilidade precisam ser vistas como uma nova cultura”.