Alunos e amigos se despedem em enterro de José Antonio Saja

Aos 64 anos, ele era professor e filósofo da Ufba

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  • Vinicius Nascimento

Publicado em 12 de fevereiro de 2019 às 20:10

- Atualizado há um ano

. Crédito: Betto Jr/CORREIO

Mais de 200 pessoas compareceram ao sepultamento do professor e filósofo José o Antonio Saja, que morreu na noite desta segunda-feira (10), aos 64 anos, vítima de insuficiência cardíaca. Ele estava internado no Hospital Português.

A cerimônia de despedida do docente da Universidade Federal da Bahia (Ufba) aconteceu na igreja do Campo Santo, nesta terça (11), e contou com a presença do reitor da Ufba, João Carlos Salles, do vice-reitor Paulo Miguez, além de colegas, familiares e alunos. 

Edgar Oliva conheceu Saja em 1984, quando foi aluno dele no curso de Ciências Biológicas na Ufba. Hoje professor de fotografia na Escola de Belas Artes da Ufba, ele lembrou que ajudava o professor a animar os debates em sala de aula. Saja tinha 64 anos e morreu no Hospital Português (Foto: Betto Jr/CORREIO) Com os olhos marejados, Edgar foi enfático ao afirmar que Saja transcendia as barreiras da sala de aula e educava os alunos para além da vida profissional.“A pergunta clássica dele mudou a minha vida. Já utilizava em minhas aulas quando meus alunos estavam dispersos e agora terá um significado ainda maior”, afirmou o professor. A pergunta em questão era a seguinte: “O que você está fazendo com sua única vida? E o que você está fazendo com a única vida das pessoas que estão passando pela sua única vida?”.

Aluna de Saja em dois semestres, a estudante Ana Luiza Rodrigues, 23, contou que foi pega de surpresa com a notícia. Ela conta que, após concluir as matérias ensinadas por Saja, encontrou o professor apenas em situações casuais, como em uma fila de supermercado.“Na última vez que o vi, passamos quase 15 minutos conversando. Eu nem achava que ele iria me reconhecer, mas ele me viu e falou comigo. Aquilo me marcou muito”, lembrou Ana Luiza. Alunos e amigos choraram em despedida de Saja (Foto: Betto Jr/CORREIO) Colegas lamentam perda Reitor da Ufba, o professor João Carlos Salles compareceu ao evento e ficou próximo ao corpo do amigo até os últimos instantes. Junto ao vice-reitor, Paulo Miguez, ele ajudou a carregar o caixão até o túmulo onde ele foi sepultado. Muito consternado, ele deixou o cemitério em seguida.

Por telefone, Paulo Miguez conversou com o CORREIO e contou que era muito amigo do professor, a quem classificou como "uma das pessoas com espiritualidade mais elevada de Salvador".

Para Miguez, a perda de Saja deixa um vazio na cidade, já que o professor transitava muito bem dentro e fora da sala de aula. “Seu traço mais forte era a generosa espiritualidade. É com muita saudade que nos despedimos hoje do nosso professor”, lamentou Paulo Miguez.Formado em Filosofia pela Ufba, onde era professor, Saja era mestre em Artes Visuais e doutor em Letras e Linguística. Também era professor da Faculdade de Tecnologia Empresarial (FTE) e da Fundação Visconde de Cairu. Além disso, Saja trabalhou na edição dos livros Queimadas e Natureza, ambos de de Frans Krajberg.

Ele participaria do evento "Encontros da Cultura", nesta quarta-feira (13), no Teatro Eva Hertz, e também ministraria aulas na disciplina Estética I, na Ufba, neste semestre.

* Com supervisão da subeditora Fernanda Varela