Cadastre-se e receba grátis as principais notícias do Correio.
Da Redação
Publicado em 30 de novembro de 2022 às 05:00
- Atualizado há 2 anos
A cadeia produtiva dos eventos no Brasil, para além de geração de trabalho e renda, é um vetor de disseminação de inovação, aplicabilidade de novas tecnologias e troca de experiências e fazeres técnicos e artísticos, gerando massa crítica e, principalmente, acesso a diferentes experiências. >
Entretanto, neste momento a indústria do entretenimento enfrenta inúmeras dificuldades, sobretudo, relacionadas à logística e seus altos custos. Soma-se a isso, a falta de incentivo tecnológico e de linhas de crédito, além das dificuldades de importação de materiais e equipamentos para atender à cadeia. Mas, diante de tantas lacunas, proponho aqui analisarmos um ponto específico: a falta de regularização das relações de trabalho no setor.>
Até quando conviveremos com o não reconhecimento de profissionais diretamente envolvidos na cadeia do entretenimento? Como evoluiremos neste setor? Finalmente, como as leis trabalhistas devem reger uma área com tantas particularidades?>
Me antecipo em afirmar categoricamente que não se trata de pensar na flexibilização de regras que deixem os profissionais vulneráveis, mas de uma análise minuciosa dos diversos aspectos que caracterizam o entretenimento - ressalto que cerca de 52 atividades econômicas são envolvidas no hub de eventos no Brasil. Quase sempre, quem trabalha com eventos está exposto a um modelo profissional que foge de padrões tradicionais. Isso inclui horários não comerciais, viagens, entre outros aspectos que devem ser considerados. >
Urge um convite para que o legislativo e o judiciário no Brasil possam mergulhar na rotina de cada negócio, analisando a sazonalidade e as peculiaridades do ramo para encontrar caminhos que permitam a manutenção dos postos de trabalho e o crescimento do mercado, sem, sob nenhuma hipótese, por em risco direitos. Trago aqui um convite a (re)pensar o equilíbrio entre essa proteção dos profissionais - o que defendo, com clareza e critérios - e a viabilidade das atividades responsáveis pela geração de trabalho e emprego.>
A ampliação desse debate e a elaboração de propostas, de maneira conjunta, envolvendo trabalhadores e empresários, tende a nos levar a um caminho de segurança jurídica e viabilidade econômica para investimentos necessários no entretenimento como negócio e na geração de trabalho. Ao abrir diálogo com o poder público, poderemos pautar a realidade do nosso setor de maneira objetiva. Quem se habilita? >
É certo que a relação entre contratantes e contratados no entretenimento, principalmente na música, tende a se fortalecer quando o poder público perceber que estamos tratando de um universo de trabalho com particularidades que não podem ser analisadas dentro de critérios generalistas.>
Fabio Almeida é empresário e produtor cultural >