Antes da volta às aulas, estudantes se surpreendem com mudanças em colégios

Escolas abriram as portas em semana de acolhimento que prepara pais e alunos para o retorno na próxima segunda (3)

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  • Wendel de Novais

Publicado em 27 de abril de 2021 às 05:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Arisson Marinho/CORREIO

Entre os saltos de alegria com a volta para a escola e os gestos que apontam, com euforia, cada detalhe do ambiente para os pais, as crianças do colégio Villa Global Education, que tem unidade em Salvador e no Litoral Norte, descobriram que o lugar onde estudam, agora, é um mundo novo, pronto para ser explorado com distanciamento para os coleguinhas e álcool em gel na mão. A sensação dos estudantes, que se preparam para a volta às aulas na próxima segunda-feira (3) e passam por uma semana de acolhimento para reconhecer a escola adaptada aos protocolos contra a covid-19, é que tudo está bem diferente. Desde os incontáveis totens com álcool em gel espalhados pela instituição até o modelo híbrido - que deixa metade da turma assistindo a aula de casa enquanto a outra metade está lá presencialmente -, nenhum novo detalhe escapa do olhar curioso dos pequenos.

Guilherme Veloso, 6 anos, por exemplo, estava saltitante ao lado da mãe enquanto comemorava a volta, mas não deixou de observar o quanto o ambiente mudou desde a última vez em que esteve ali. "Tá vazio, muito diferente. Tem menos cadeiras, menos mesas, menos coleguinhas. Mas eu tô feliz de voltar, tava com saudade. É mais divertido aprender aqui do que pelo computador", disse ele, que reparou também na ausência de outra turma que não fosse a dele. Detalhe que tem uma explicação: no Villa Global, a volta vai acontecer em regime de isolamento entre as turmas, que faz com que cada uma seja uma 'bolha', que nunca divide o mesmo ambiente com outras classes para diminuir os riscos de contaminação entre os alunos. Guilherme pulando de alegria na semana de acolhimento do Villa (Foto: Arisson Marinho/CORREIO) Uma escola nova As adaptações também foram notadas por Bruna Andrade, 6, que também falou sobre a nova maneira como precisa se comportar dentro da sala de aula e de outros ambientes do colégio. "Por causa do coronavírus, tem que usar máscara e não pode tirar, não pode abraçar ou ficar muito perto. A escola tá diferente mesmo, no parquinho a gente precisa ficar afastado", conta a pequena, que se disse entusiasmada para voltar a estudar de maneira presencial. Bruna na saída da semana de acolhimento do Villa (Foto: Arisson Marinho/CORREIO) Ânimo que não é só dela, mas também da professora Sílvia Lacerda, 44, que vê na volta um ganho pedagógico. "É essencial! A partir do momento em que elas frequentam a escola, há mais entusiasmo e vontade de aprender. A relação com o espaço de sala de aula é fundamental. Eles rendem mais aqui do que na frente do computador", explica Sílvia, que acredita que os pequenos vão lidar bem com as adaptações do retorno. Sílvia afirma que o retorno é um ganho pedagógico (Foto: Arisson Marinho/CORREIO) Mudanças que, para alguns dos alunos, serão ainda maiores porque precisam lidar com os protocolos contra a covid-19 enquanto se adaptam à uma nova escola. Caso de Rodrigo Araújo, 6, que começa agora sua jornada no Villa Global. "Eu sou novo nessa escola, não conheço nada ainda, mas é diferente da minha escola antiga, acho que por causa do coronavírus. Mas tô feliz de voltar, não queria mais estudar só em casa", diz. Rodrigo terá seu primeiro dia de aula no Villa na próxima segunda-feira (Foto: Arisson Marinho/CORREIO) Pais seguros Quem vai passar pela mesma situação que Rodrigo é o filho da psicóloga Magda Brito, 44, que se mudou de Brasília para Salvador no meio da pandemia. Ela, no entanto, confia na boa adaptação do pimpolho e está animada para o retorno. "O colégio me inspirou muita segurança para deixar que ele volte com protocolos bem construídos. Temos em casa crianças ansiosas, precisando voltar. Pra você vê, hoje ele estava pulando no banho, arrumando a mochila sozinho e dizendo que ia ver se a professora não é um holograma. Acho que a volta já tá fazendo muito bem pra ele", relata Magda.

Outra mãe que está confiante com o retorno é Tatiane Azevedo, 50, autônoma que tratou de ir ao colégio garantir a farda da filha para ficar preparada para a volta. "Eles estão loucos para voltar, rever os colegas e a gente está muito seguro de que isso vai ser feito da melhor forma, respeitando protocolos. E, pedagogicamente, vai ser muito melhor porque, por mais que a gente cobre em casa, o aprendizado não é o mesmo de quando está na sala de aula, em contato direto com os professores", afirma.  Tatiane foi ao Villa comprar a farda da filha (Foto: Arisson Marinho/CORREIO) Parte da confiança dos pais vem de novidades dentro do colégio que surgiram para evitar a contaminação. Uma delas é o ambulatório exclusivo para os pequenos que possam apresentar uma suspeita de covid-19 que serve para examinar os estudantes com uma equipe de saúde e, se necessário, dar encaminhamentos como o afastamento do estudante, a orientação dos pais para que façam um teste e a observação mais cuidadosa da sua turma a partir da detecção de sintomas do vírus.

Otimização do ensino Segundo Viviane Brito, CEO do Villa Global, tanto o ambulatório exclusivo como as outras novidades estão sendo explicadas na semana de acolhimento para facilitar a execução dos protocolos quando o dia da volta chegar. "Toda estrutura física do prédio precisou ser alterada para seguir os protocolos. A entrada mudou, as turmas estarão aqui em regime de bolha, todo prédio foi demarcado para manter o distanciamento e tem até ambulatório novo para avaliação de casos suspeitos, se eles acontecerem. Então, essa semana é valiosa para que pais e alunos entendam todo o processo que mudou bastante", ressalta Viviane, que explica que o Villa gasta 15% a mais do que antes para manter o colégio funcionando com os protocolos.

Além do Villa Global, de acordo com Jorge Tadeu Coelho, presidente do Sindicato das Escolas Particulares da Bahia (Sinepe), as instituições particulares têm realizado a semana de acolhimento com incentivo do próprio sindicato para ajustar arestas para um retorno com sucesso. "A nossa recomendação é que os colégios recebam pais e crianças nesse acolhimento para revisar protocolos e dar a oportunidade dos pais obterem mais informações sobre como tudo vai funcionar e dos filhos entenderem um pouco melhor o que mudou e serem novamente acolhidos pelos professores", conta. 

Confira os protocolos:

● Determinação de distância mínima entre os estudantes, professores e colaboradores em todos os ambientes da unidade de ensino;

● Orientações constantes que se evite contato próximo, como apertos de mãos, beijos e abraços;

● Promoção de diferentes intervalos para evitar aglomerações nas dependências da escola e fazer com que as turmas não ocupem o mesmo espaço ao mesmo tempo que as outras, ficando em regime de bolha;

● Obrigatariedade do uso de máscara por todas as dependências das unidades de ensino;

● Álcool 70% e locais para lavagem frequente das mãos estõa disponíveis para a higienização de todos os que frequentam o local;

● Reforço da limpeza e desinfecção dos ambientes e das superfícies mais tocadas, como mesas, cadeiras, maçanetas, banheiros e áreas comuns, antes e durante o expediente;

● Utilização da comunicação interna e redes sociais para orientar os estudantes, professores e colaboradores em ações de higiene necessárias para as mãos e objetos;

● Afastamento do aluno, professor ou funcionário com suspeita de covid-19;

*Sob supervisão da chefe de reportagem Perla Ribeiro