Anvisa autoriza uso do remdesivir contra a covid; remédio não é recomendado pela OMS

Órgão também autorizou a fabricação da vacina de Oxford no Brasil

Publicado em 12 de março de 2021 às 10:26

- Atualizado há 10 meses

. Crédito: Foto: Divulgação

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou, nesta sexta-feira (12), o primeiro medicamento com indicação para o tratamento da covid-19, o Remdesivir. O órgão também autorizou o registro definitivo da vacina de Oxford no Brasil. O anúncio foi feito por Gustavo Mendes, gerente geral Medicamentos e Produtos Biológicos.

“São dois anúncios de registro. O primeiro registro é relacionado à vacina Covid-19 Recombinante, também conhecida como vacina de Oxford que é uma vacina que já vinha sendo utilizada pelo procedimento de uso emergencial e que agora vai ser registrada pela agência com uma etapa de fabricação no Brasil o que a gente acredita que representa maior autonomia”, anunciou.

Sobre o novo medicamento contra a Covid-19, o gerente explicou: “Outra notícia que é muito boa e interessante é que a gente vai dar o primeiro registro de medicamento que vai ter orientação em bula contra Covid-19. É um sintético ,que vai poder ser utilizado em pacientes que estão acometidos pela doença. É o Redensivir”.

A submissão para o registro do remédio ocorreu em 6 de agosto de 2020, mas as reuniões para debater sobre o fármaco começaram entre os meses de maio e julho do ano passado. “É um medicamento sintético. Diferente da vacina, tem uma estrutura definida, é uma molécula com estrutura”, explicou Raphael Sanches, especialista da gerência-geral de medicamentos da Anvisa.

Segundo a Anvisa, estudos mostraram que pacientes que fizeram uso do remdesivir levaram, em média, 10 dias para se recuperar da covid-19, enquanto quem não utilizou levou 15.

Não recomendado pela OMS A Organização Mundial da Saúde (OMS), no dia 19 de novembro, divulgou nota em que se posicionou contra o uso do antiviral remdesivir no tratamento de pacientes hospitalizados com covid-19. O remédio chegou a ser visto como um dos mais promissores tratamentos contra a doença no início da pandemia, mas até agora não demonstrou resultados robustos em estudos clínicos.

Em um artigo publicado à época no British Medical Journal, um painel de especialistas da organização afirma que o uso do remédio não é recomendado pois não há evidência de que ele aumente a chance de sobrevivência ou diminua o risco de ventilação mecânica.

"O remdesivir tem recebido atenção mundial como um tratamento potencialmente eficaz para casos graves de covid-19 e é cada vez mais usado para tratar pacientes hospitalizados. Mas seu papel na prática clínica permanece incerto", disse a organização.

Em outubro do ano passado, o estudo Solidarity, realizado com o apoio da OMS e desenvolvido para testar potenciais drogas contra a doença, já havia concluído que o remdesivir, a hidroxicloroquina e outros dois antivirais tiveram pouco ou quase nenhum efeito sobre os tempos de internação ou chances de sobrevivência de pacientes da covid-19.

No mesmo mês, a agência que regula drogas e medicamentos nos Estados Unidos (FDA) concedeu o registro para o medicamento, autorizando, assim, seu uso em pacientes hospitalizados com coronavírus.

De acordo com a OMS, a posição de desaconselhar o uso do medicamento é amparada em uma nova revisão de evidências que avaliou o uso de diversos possíveis tratamentos para a covid em quatro estudos clínicos randomizados internacionais que, juntos, envolveram mais de 7 mil pacientes internados.

"Depois de revisar minuciosamente essas evidências, o painel de especialistas da OMS, que inclui especialistas de todo o mundo, incluindo quatro pacientes que tiveram covid-19, concluiu que o remdesivir não tem efeito significativo na mortalidade ou em outros resultados importantes para os pacientes, como a necessidade de ventilação mecânica ou o tempo de melhora clínica", afirmou a organização.

A OMS ressalta que embora não haja, até o momento, evidência da eficácia do remédio, isso não significa que ele não possa ter benefício para alguns pacientes. No entanto, diante da falta de evidências, dos possíveis riscos associados ao uso do remédio e do seu alto custo, o painel de especialistas julgou adequado recomendar que ele não seja utilizado no momento. Mas apoiou a realização de mais estudos clínicos sobre o tema.