Aos 84 anos, morre educador baiano Edivaldo Boaventura

Dentre suas ações está a criação da Uneb

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  • Da Redação

Publicado em 22 de agosto de 2018 às 08:35

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Divulgação/ABL

Aos 84 anos, o professor Edivaldo Machado Boaventura morreu na madrugada desta quarta-feira (22) em Salvador. Ele havia passado por uma cirurgia cardíaca e não resistiu a complicações após o procedimento.

Filho de Osvaldo Abreu Boaventura e Edith Machado Boaventura, nasceu em Feira de Santana, em 10 de dezembro de 1933. O educador, que cursou o secundário no Colégio Antônio Vieira, era bacharel em Direito (1959) e Ciências Sociais (1969) pela Ufba. Tornou-se doutor em Direito e obteve a Docência Livre em Economia Política (1964), pela mesma instituição, e cursou o Instituto International de Planificação de Educação/UNESCO (1971-2), em Paris. Era mestre (1980) e PhD (1981) em Educação pela The Pennsylvania State University. Boaventura foi também diretor-geral do jornal A Tarde.

Era casado com Solange do Rego Boaventura. O casal deixa três filhos, Lídia, Daniel (cantor e ator) e Pedro Augusto (falecido) e quatro netas. O sepultamento de Edivaldo acontecerá nesta quinta-feira (23), às 15h, no Cemitério Jardim da Saudade, em Salvador.

Criador da Uneb Edivaldo foi secretário de Educação e Cultura da Bahia por duas vezes, uma entre 1970 e 1971 e a outra entre os anos de 1983 e 1987, quando criou a Universidade do Estado da Bahia (Uneb) e foi reitor da instituição. Participou ativamente também da criação da Universidade Estadual de Feira de Santana (Uefs).

Professor emérito da Ufba, era membro das academias de Letras e de Ciências no estado e também dos institutos Histórico e Geográfico Brasileiro e Geográfico e Histórico da Bahia. Entre as obras publicadas, estão A Educação Brasileira e o Direito (1997), O Parque Estadual de Canudos (1997) e Ufba: Trajetória de uma Universidade: 1946-1996 (1999).

Em 1968, a convite do reitor da Ufba Roberto Santos, implantou a Assessoria de Planejamento encarregada da reforma universitária, quando publicou Universidade em Mudança.

Como professor adjunto, transferiu-se da Escola de Administração para a Faculdade de Educação da Ufba, da qual é um dos fundadores e entrou para o Conselho Estadual de Educação da Bahia (1968-1983, 1991-1996), presidindo-o de 1976 a 1978. Criou o Parque Histórico Castro Alves, o primeiro fundado na Bahia.

Participou da Harvard Summer School, em 1967 e 1969. Visitou  oficialmente os EUA, em 1970, e conheceu Departamentos Estaduais de Educação e Universidades. Foi o início do relacionamento com as universidades norte-americanas e canadenses.

Em 1971, submeteu-se ao concurso de professor titular, último cargo da carreira docente, com a tese O Departamento na Universidade. No mesmo ano, foi eleito para a Academia de Letras da Bahia. A convite do diretor Raymond Poignant  pesquisou, no Instituto Internacional de Planejamento da Educação (IIPE/UNESCO, 1971-1972), nas áreas de financiamento e planejamento da educação, carta escolar, sistema de educação, educação permanente, e concluiu o programa de pesquisas com a monografia O Ensino Superior na Bahia: Estudo da Reforma, da Evolução dos Efetivos e do Financiamento.

Com a experiência internacional do IIPE, retornou à Ufba e integrou-se no Programa de Mestrado em Educação da instituição. Como coordenador, de 1974 a 1978, manteve intensos contatos com a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), que apoiou financeiramente o programa, e participou da criação da Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Educação (ANPED).

Trabalhou com sistemas e estruturas de ensino, planejamento, metodologia da pesquisa e história da educação. Como membro do Conselho de Coordenação da Ufba, compôs e presidiu a Câmara de Ensino de Pós-Graduação e Pesquisa.

Com o crescimento da pós-graduação, realizou o mestrado e o doutorado em educação, na The Pennsylvania State University (EUA),  com a dissertação A Estrutura Legal da Educação Brasileira (1980), e com a tese de PhD Um Estudo das Funções e das Responsabilidades do Conselho Estadual de Educação da Bahia, de 1963-1975 ( 1981). Obteve, assim, o seu segundo doutorado. Relatou a experiência norte-americana com a publicação  A Segunda Casa e As Etapas do Doutorado.

Educação no interior Quando voltou a dirigir a Secretaria de Educação da Bahia (1983-1987) inicia a interiorização da educação superior estadual, até então, concentrada na capital. Além de criar e dirigir a Uneb, universidade multicampi, credencia a Uefs, impulsiona a Uesb e apoia a futura Uesc.

Objetivando a escolaridade, aumenta o número de escolas e convenciona com os municípios a expansão da educação básica. Implanta os Estudos Africanos na escola baiana e cria o Parque Estadual de Canudos. Recebe o prêmio The Alumni Fellow Award 1989 pela Universidade que o doutorou.

No retorno à Ufba, coordenou a criação do Doutorado em Educação, que implanta em 1991. É o primeiro do Nordeste. Intensifica a orientação de dissertações e teses, ensina e publica Metodologia da pesquisa, trabalha pioneiramente o Direito Educacional, editando A Educação Brasileira e o Direito.

Nos 50 anos da instituição, publica Ufba: Trajetória de uma Universidade. Em 1995, realiza pós-doutorado na Universidade do Québec, em Montreal, Canadá.

Em 1996, ingressou no jornal A Tarde, como diretor geral, e dá especial atenção ao projeto A Tarde Educacação. A partir de 2000 ensina e orienta pesquisa na Universidade Salvador (Unifacs), no Programa de Mestrado e Doutorado em Desenvolvimento Regional e Urbano (PPDRU).

Por causa da trajetória, foi condecorado pelo governo de Portugal em junho de 2016 com a Ordem da Instrução Pública no grau de Comendador, pelos serviços prestados à educação e cultura nos dois países de língua portuguesa.